Parlamentares da sigla apoiaram representações contra ele no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Deputados
de oposição na bancada do PP propuseram ao presidente em exercício da
Câmara, Waldir Maranhão (MA), que ele renuncie ao cargo de primeiro
vice-presidente, para o qual foi eleito na chapa do presidente afastado,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Se ele aceitar, a bancada do PP retiraria o
apoio à expulsão de Maranhão do partido.
Como a vaga de vice é uma indicação do PP, a renúncia levaria o
partido a indicar outro parlamentar para a eleição de um novo
vice-presidente. O PP reivindicará a manutenção da vaga para a eleição -
mas não há ainda garantia de que os demais partidos aceitarão. Dois
nomes se colocaram na reunião do PP como candidatos a assumir a vaga de
Maranhão no caso de renúncia: Esperidião Amin (SC) e Ricardo Izar (SP).
Seguindo conselhos de defensores da presidente Dilma Rousseff,
Maranhão anulou a decisão de 367 deputados favoráveis ao impeachment da
petista e, quase à meia-noite desta segunda-feira, voltou atrás por
causa da ameaça de expulsão do partido, que poderia então requisitar o
mandato na Justiça Eleitoral - alvo de três inquéritos no Supremo
Tribunal Federal, Maranhão perderia o foro privilegiado.
Os deputados do PP se reuniram a portas fechadas na Câmara nesta
terça-feira. A bancada retirou o apoio para que ele continue à frente da
Câmara e assinou documento favorável ao seguimento do processo
disciplinar que pede a expulsão de Maranhão.
O encontro conduzido pelo ex-ministro Aguinaldo Ribeiro (PB), líder
do partido Câmara, começou por volta das 10h40 e terminou quase 'às 13
horas, em meio a discussões exaltadas. Todos os deputados do partido
foram convocados, mas Maranhão não compareceu. A proposta de renúncia em
troca da manutenção do mandato foi, na sequência, encaminhada a ele
pelo deputado Eduardo da Fonte (PE), escalado para convencê-lo e
comunicar que ele perdeu apoio da bancada. Dudu da Fonte integra um
grupo de deputados mais próximo de Maranhão - aos quais o presidente em
exercício já havia demonstrado resistência à ideia de renunciar. Entre
eles, estão Ronaldo Carletto (BA), Ricardo Barros (PR), Cacá Leão (BA),
Mário Negromonte Jr (BA) e Roberto Britto (BA). Eles queriam um prazo de
oito dias para uma nova reunião sobre a situação de Maranhão, mas não
houve entendimento.
"Nós retiramos o apoio a ele para criar o ambiente para o
afastamento. O PP não podia esperar o andamento de um processo
disciplinar com o devido processo legal porque há um movimento na Câmara
para tentar afastá-lo antes, essa decisão pode ser tomada pelos demais
partidos. Eles já disseram que não serão comandados pelo Maranhão,"
disse o deputado Jerônimo Goergen (RS). "O simbolismo é fragilizar para
que ele saia do comando da Casa. Ele expulso ou não é uma consequência
para depois."
Como integrante da Executiva Nacional, Goergen disse que já assinou a
abertura de processo disciplinar contra os sete deputados que
afrontaram o partido não votaram a favor do impeachment da presidente
Dilma Rousseff - eles devem sofrer advertências. Maranhão é um deles,
mas com pena de expulsão por causa da "reincidência" em tentar anular a
sessão do impeachment com uma canetada alinhada com o governo Dilma.
O encontro na Câmara era apenas consultivo, mas teve a presença do
presidente nacional, o senador Ciro Nogueira (PI), e integrantes da
Executiva Nacional, que se reuniria à tarde para deliberar sobre o
processo disciplinar que pode resultar na expulsão de Waldir Maranhão.
Ao fim da reunião, Nogueira disse que tentaria antes um "acordo para que
ele entregue a vice-presidência para o partido indicar outro nome".
Nogueira disse que a Executiva não tomaria decisão nesta terça-feira
sobre a expulsão: "Não é tão rápido assim". Primeiro, ele deve ser
suspenso temporariamente - o que, no entendimento de outros deputados,
levaria a uma suspensão dele também da vice-presidência, porque a vaga
cabe ao PP. Ainda não há um consenso sobre as consequências da suspensão
da filiação, nem sobre a proposta para que ele renuncie apenas à vice.
Além de pedirem a expulsão de Maranhão no PP, deputados da sigla
apoiaram representações contra ele no Conselho de Ética e Decoro
Parlamentar. O deputado Julio Lopes (RJ) ainda protocolou um processo
pela cassação de Maranhão Corregedoria da Câmara nesta manhã por causa
da decisão em que ele anulou com uma canetada a sessão de debates e
votação do impeachment, que se estendeu entre os dias 15, 16 e 17 de
abril no plenário. "Ele atentou muito fortemente contra o partido e
contra a democracia no cancelamento do impeachment. Eu me senti
agredido", disse o oposicionista.
Fonte: Veja.com
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