A doença de Chagas é uma infecção provocada pelo protozoário Trypanosoma cruzi,
adquirida por meio do contato com as fezes do inseto barbeiro. A doença
de Chagas é também conhecida pelos nomes: mal de Chagas, chaguismo ou
tripanossomíase americana.
Neste texto vamos abordar os seguintes pontos sobre a doença de Chagas:
- Transmissão da doença de Chagas.
- Sintomas da doença de Chagas
- Fase aguda e crônica da doença de Chagas.
- Diagnóstico da doença de Chagas.
- Tratamento da doença de Chagas.
Transmissão da doença de Chagas através do barbeiro
A
maioria dos casos da doença de Chagas é transmitido pela picada de um
grupo de insetos da família do percevejo, conhecidos como barbeiro. As
principais espécies de barbeiro que transmitem a doença de Chagas no
Brasil são: T. brasiliensis, Panstrongylus megistus, T. pseudomaculata e T. sordida. O T. infestans
era outra espécie importante, mas medidas de controle do Ministério da
Saúde conseguiram interromper a transmissão da doença de Chagas por este
tipo de barbeiro.
O
barbeiro é um tipo de percevejo que se alimenta de sangue, podendo
transmitir a doença de Chagas através da picada. Durante ou
imediatamente após picar uma pessoa, barbeiro defeca sobre sua pele,
eliminando grande quantidade do protozoário Trypanosoma cruzi,
permitindo que o mesmo penetre no nosso organismo através da ferida da
picada. O ato de coçar o local que foi picado aumenta a chance de
contaminação. Os barbeiros costumam se alimentar à noite, sendo capazes
picar suas vítimas sem acordá-las.
Nem todo barbeiro está
infectado com o parasita da doença de Chagas. O barbeiro se contamina ao
picar animais que estejam infectados pelo Trypanosoma cruzi.
Portanto, o barbeiro adquire o parasita picando uma pessoa infectada,
permanece com ele em seu intestino pelo resto da vida e o transmite ao
picar uma nova vítima. É importante destacar que o parasita também é
capaz de infectar outros animais além do homem, incluindo cães, gatos,
porcos, roedores, gambás, morcegos, etc., sendo estes importantes
reservatórios para a transmissão da doença de Chagas para humanos.
Os
barbeiros costumam viver em folhas de palmeiras ou em casas de
construção rudimentar, como as feitas de pau-a-pique. Galinheiros,
chiqueiros e ninhos de pássaros também são locais que podem abrigar o
inseto. Pessoas que vivem em áreas infestadas pelo barbeiro são as que
apresentam maior risco de serem contaminadas pelo Trypanosoma cruzi.
Outras formas de transmissão da doença de Chagas
A transmissão pela picada do barbeiro é a principal via, mas o Trypanosoma cruzi pode ser adquirido também de outras formas, como:
– Transfusão de sangue.
– Transplante de órgãos de doadores infectados.
– Alimentos contaminados por barbeiros, como caldo de cana ou açaí.
– Transmissão vertical da mãe para o feto durante a gravidez.
– Contato de pele ferida, mucosas ou olhos com sangue de pacientes infectados.
– Transplante de órgãos de doadores infectados.
– Alimentos contaminados por barbeiros, como caldo de cana ou açaí.
– Transmissão vertical da mãe para o feto durante a gravidez.
– Contato de pele ferida, mucosas ou olhos com sangue de pacientes infectados.
Sintomas da doença de Chagas
Após a contaminação pelo Trypanosoma cruzi,
o período de incubação costuma ser de 1 a 2 semanas. Porém, se
contaminação tiver sido provocada por transfusão de sangue, os sintomas
podem demorar mais de 40 dias para surgirem.
Os sintomas da doença de Chagas são divididos em fase aguda e fase crônica. Vamos falar um pouquinho sobre ambas.
Sintomas da doença de Chagas – Fase aguda
A fase aguda da infecção pelo T. cruzi
dura de 8 a 12 semanas e é caracterizada pela circulação de grandes
quantidades do parasita na corrente sanguínea. Nesta fase, a maioria dos
pacientes não apresentam sintomas. Quando o fazem, são sintomas leves e
inespecíficos, como febre e mal estar. A febre não costuma ser muito
alta, ficando ao redor de 37,5 e 38,5ºC. Aumento do tamanho do fígado e
do baço também podem ocorrer.
Numa minoria de pacientes, pode
surgir um nódulo inflamado no local da picada do barbeiro, conhecido
como um chagoma. Se a picada for ao redor de um dos olhos, é comum
surgir um inchaço da pálpebra superior e inferior, conhecido como sinal
de Romaña.
A forma grave de doença de Chagas aguda, com alta
mortalidade, ocorre em menos de 1% dos pacientes; as manifestações podem
incluir miocardite aguda (inflamação do músculo cardíaco), pericardite
(inflamação do pericárdio, membrana que envolve o coração) ou meningite.
A transmissão do parasita por alimentos contaminados parece estar
associada a um maior risco de doença aguda grave.
É bom ressaltar,
todavia, que na maioria dos casos, a fase aguda é branda e os pacientes
não se dão conta de terem sido infectados pelo T. cruzi. A fase aguda termina quando os parasitas desaparecem da circulação sanguínea.
Sintomas da doença de Chagas – Fase crônica
Existem três apresentações distintas da forma crônica da doença de Chagas:
I. Forma indeterminada: são os pacientes que mantém-se infectados pelo Trypanosoma cruzi, porém, permanecem sem sintomas. Muitos desses pacientes nem sequer sabem que estão infectados.
Cerca
de 20 a 30% dos pacientes com forma indeterminada da doença de Chagas
crônica evoluem para doença sintomática, com acometimento cardíaco ou
gastrointestinal, após anos ou décadas de doença silenciosa. Os outros
70% permanecem assintomáticos para o resto da vida.
II. Forma cardíaca: aproximadamente 30% dos pacientes que se contaminam com o Trypanosoma cruzi
apresentam acometimento cardíaco pela doença. A infecção pelo parasita
provoca destruição das fibras musculares do coração, levando a um quadro
de insuficiência cardíaca grave (leia: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA | Causas e sintomas).
O comprometimento cardíaco é o principal responsável por mortes nos
pacientes com doença de Chagas. Morte súbita, arritmias e insuficiência
cardíaca terminal são as principais causas.
III. Forma gastrointestinal:
o acometimento do trato gastrointestinal ocorre em 10% dos pacientes
com doença de Chagas. Uma dilatação exagerada do cólon (megacólon) ou do
esôfago (megaesôfago) são as principais manifestações desta forma de
Chagas crônico.
O megaesôfago provoca dificuldade para engolir
alimentos e regurgitação frequente. O megacólon se caracteriza por
prisão de ventre e dor abdominal.
É possível um mesmo paciente apresentar acometimento cardíaco e gastrointestinal concomitantemente.
Diagnóstico da doença de Chagas
Durante
a fase aguda da doença de Chagas, como há grande quantidade do parasita
circulando no sangue, o mesmo pode ser facilmente identificado ao se
analisar uma gota de sangue no microscópio. Na fase crônica o
diagnóstico é feito através da sorologia (pesquisa de anticorpos no
sangue).
Tratamento da doença de Chagas
Quanto mais cedo
for instituído o tratamento contra a doença de Chagas, melhores são os
resultados clínicos. Preferencialmente, todo paciente deve ser tratado
na fase aguda, tenha ele sintomas ou não. O problema é que como nem
todos os pacientes nesta fase estão cientes de estarem contaminados com o
Trypanosoma cruzi, a maioria acaba procurando atendimento médico precocemente.
O
tratamento precoce tem como objetivos, curar a infecção pelo T. cruzi,
prevenir lesões de órgãos, como coração e intestinos, e diminuir a
possibilidade de transmissão do protozoário. O paciente que já apresenta
a forma crônica, com grave lesão dos órgãos apresenta pouco ou nenhum
benefício com o tratamento.
Portanto, pessoas que vivem em áreas
onde há casos de doença de Chagas ou que passaram férias recentemente em
uma delas, como na Região Norte, mais especificamente no Estado do
Pará, devem ter muita atenção a quadros de febre e mal estar, mesmo que
estes sejam brandos. Às vezes, é preciso ter um grau de suspeição bem
elevado para se detectar a doença de Chagas precocemente. Na tabela ao
lado apresentamos os dados epidemiológicos do Ministério da Saúde entre
2007 e 2011.
O Benznidazol é a droga de escolha no tratamento da
doença de Chagas aguda. O tratamento deve ser feito por 60 dias e a dose
varia de acordo com o peso do paciente. O Nifurtimox é uma alternativa
para os casos de intolerância ao Benznidazol. O tratamento com
Nifurtimox é feito por 90 dia.
Fonte: Autor: Dr. Pedro Pinheiro
0 comentários:
Postar um comentário