Expectativa, porém, seria ter 5,5 relações por semana.
Pesquisa ouviu 3 mil pessoas de sete regiões metropolitanas do Brasil.
Brasileiros fazem menos sexo do que gostariam (Foto: AFP Photo/Sebastien Bozon)
Os brasileiros afirmam fazer em média 2,9 relações sexuais por semana.
Mas, se pudessem, gostariam de ter 5,5 relações por semana. Os números
são da pesquisa Mosaico 2.0, conduzida pela psiquiatra Carmita Abdo,
coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
O levantamento – que é uma atualização da pesquisa Mosaico Brasil,
feita em 2008 – ouviu 3 mil brasileiros de sete regiões metropolitanas
do país: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Belém,
Porto Alegre e Distrito Federal. Os entrevistados – 49% de mulheres e
51% de homens – tinham entre 18 e 70 anos, com média de 35,5 anos.
Carmita observa que essa disparidade entre a expectativa e a realidade
se dá por diferentes motivos de acordo com a faixa etária. Enquanto os
jovens têm mais disponibilidade de tempo, muitos não têm um local
adequado ou as condições econômicas necessárias.
Já os adultos em relações estáveis são acometidos pelo excesso de
trabalho, preocupações com o orçamento doméstico e filhos pequenos. “E
quando esses filhos crescem, o que atrapalha é que a mulher entra em
climatério, onde a disponibilidade sexual é menor. Isso justifica
inclusive que a frequência sexual do homem é maior do que a da mulher na
média”, diz a especialista.
Segundo o estudo, os homens têm em média mais relações sexuais por
semana do que as mulheres: 3,15 entre eles contra 2,65 entre elas.
Quanto às expectativas, eles gostariam de ter em média 6,48 relações por
semana e elas, 4,58. O estudo revelou ainda que 9% dos brasileiros
entre 18 e 70 anos não fazem sexo: 7% das mulheres e 2% dos homens.
Número de parceiros
Os homens brasileiros têm mais parceiros sexuais do que as mulheres, de
acordo com o estudo. Questionados sobre quantos parceiros tiveram nos
últimos 12 meses, os homens relataram ter tido em média 2,12 parceiros.
Já entre as mulheres, a média foi de 1,27.
Três vezes mais homens do que mulheres tiveram um número alto de
parceiros no último ano: 2,9% fizeram sexo com cinco pessoas enquanto
apenas 0,9% das mulheres tiveram esse mesmo número de parceiros.
“Mas não é porque trocam a parceria com mais frequência que eles não
valorizam essas parcerias”, observa Carmita: 19,9% dos homens relataram
ter tido mais de cinco parceiras “realmente importantes” ao longo de
toda a vida. Entre as mulheres, apenas 8,2% afirmaram ter mais de cinco
parceiros importantes.
Mudança das mulheres
Apesar de as mulheres continuarem com vidas sexuais mais conservadoras
em comparação aos homens, Carmita observa que houve uma mudança
perceptível em relação à pesquisa Mosaico Brasil, feita em 2008, apesar
de não ser possível fazer uma comparação direta com os dados anteriores
já que a metodologia dos estudos foi diferente.
“A mulher vem mesmo mudando bastante o comportamento sexual”, afirma a
especialista, citando que 57,1% das mulheres responderam na pesquisa que
acreditam que fariam sexo com alguém só por atração.
Entre os homens,
essa parcela é de 76,4%. “Em oito anos [desde a pesquisa anterior], a
mulher toma consciência e passa a fazer sexo de forma diferenciada
separando bem o que é atividade erótica do que é atividade afetiva.”
Ela cita ainda que, em 2008, 89% das mulheres afirmavam terem tido a
primeira relação sexual com um namorado, porcentagem que caiu para 75,5%
na pesquisa mais recente, tendo aumentado a quantidade de mulheres que
iveram a primeira vez com um amigo ou um desconhecido.
Início da vida sexual
A
primeira vez foi mais frustrante para mulheres do que para homens,
segundo o levantamento (Foto: ANAIS MAI / PHOTONONSTOP / AFP)
A idade média de início da vida sexual dos homens é de 16,97 anos,
enquanto a das mulheres é de 18,48. A iniciação sexual antes dos 14 anos
de idade foi relatada por 13,6% dos entrevistados. Para 4,5% das
pessoas, a iniciação ocorreu entre 25 e 35 anos e 0,1% começaram a vida
sexual a partir dos 36 anos.
Enquanto a grande maioria das mulheres – 75,5% – afirma ter iniciado a
vida sexual com um namorado, apenas 40,8% dos homens afirmam o mesmo.
Essa disparidade, segundo Carmita, pode se dar ao fato de que muitas
consideravam que estavam namorando enquanto seus parceiros não pensavam
da mesma forma.
Entre os homens, 11,4% tiveram a primeira relação com uma prostituta e
6,3% com uma prima. Entre as mulheres, nenhuma afirmou ter iniciado a
vida sexual com um profissional do sexo e 1,2% disseram ter tido a
primeira relação com um primo.
A primeira vez foi mais frustrante para as mulheres do que para os
homens. Para 47,8% das mulheres, a primeira relação sexual foi pior do
que imaginavam ou foi muito ruim. O mesmo vale para 36,4% dos homens.
Os resultados da pesquisa foram divulgados nesta quinta-feira (9) em
evento para marcar os 18 anos da chegada do Viagra ao Brasil como
medicamento de referência para tratar disfunção erétil.
Dificuldades sexuais
A parcela de mulheres que relataram dificuldades sexuais é maior do que
a dos homens: 44,4% das mulheres afirmaram ter algum grau de
dificuldade para atingir o orgasmo. Já entre os homens, 30,9% disseram
ter baixo desejo sexual em alguma medida.
Além disso, 40,3% das mulheres afirmaram ter algum grau de dor durante a
relação sexual. Entre os homens, 28,7% disseram ter dificuldade para a
ejaculação.
Para Carmita, o fato de a mulher se mostrar mais insatisfeita do que o
homem quanto à vida sexual pode estar relacionado ao fato de as mulheres
terem expectativas mais altas. “É próprio das mulheres, ainda nos dias
de hoje, esperar do relacionamento mais do que o homem” afirma. “Hoje se
fala em um ciclo diferente da mulher, que contém intimidade emocional
como uma etapa que a mulher privilegia e que nem sempre acontece.”
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