O procurador da República, Deltan Dallagnol, da Operação Lava
Jato, fulminou o único álibi no qual o deputado afastado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) se agarra para manter o mandato na Câmara. Nesta quinta-feira,
9, o procurador que coordena a Lava Jato afirmou que "criminosos mais
modernos usam offshores e trustes".
Ao Conselho de Ética da Câmara, onde enfrenta um processo de
cassação, Eduardo Cunha tem batido na tecla que não mantinha contas no
exterior e, sim, trustes. Durante entrevista coletiva sobre a denúncia
contra a mulher do parlamentar, Cláudia Cruz, o procurador atacou o
argumento central do parlamentar.
"De modo bastante simples, quem cria um truste em benefício próprio é
como se usasse o truste como depositário. É como se a pessoa entregasse
para o seu gerente de banco o dinheiro para depois recebê-lo de volta. E
de modo bastante simples, nós podemos dizer que para esconder quem é o
verdadeiro proprietário do dinheiro, os criminosos mais antiquados, mais
defasados, usavam ou usam laranjas e testas de ferros. Os criminosos
mais modernos, mais sofisticados, usam offshores e trustes", afirmou
Deltan.
Na decisão que abriu a ação contra Cláudia Cruz, o juiz federal
Sérgio Moro também desmontou o álibi de Cunha. O magistrado considerou
"questionável" a versão do presidente afastado da Câmara, deputado
Eduardo Cunha (PMDB/RJ), de que os valores movimentados em contas no
exterior atribuídas a ele pertencem a trustes e offshores e não estão em
seu nome.
"Em princípio, o álibi de que as contas e os valores eram
titularizados por trustes ou offshore é bastante questionável, já que
aparentam ser apenas empresas de papel, sem existência física ou real. A
Köpek (da mulher de Cunha, Cláudia Cruz), aliás, menos do que isso",
assinala Moro.
Defesa
A defesa de Claudia Cruz diz que ela "responderá às imputações como
fez até o momento, colaborando com a Justiça e entregando os documentos
necessários à apuração dos fatos. Destaca que não tem qualquer relação
com atos de corrupção ou de lavagem de dinheiro, não conhece os demais
denunciados e jamais participou ou presenciou negociações ilícitas".
Em nota divulgada no Twitter, Eduardo Cunha diz: "Trata-se de
procedimento desmembrado do inquérito 4146 do STF, em que foi
apresentada a denúncia, pelo Procurador Geral da República, ainda não
apreciada pelo Supremo.
Foi oferecida a denúncia do Juízo de 1º Grau, em que o rito é
diferenciado, com recebimento preliminar de denúncia, abertura de prazo
para defesa em dez dias e posterior decisão sobre a manutenção ou não do
seu recebimento.
O desmembramento da denúncia foi alvo de recursos e Reclamação ainda
não julgados pelo STF que, se providos, farão retornar esse processo do
STF.
Independente do aguardo do julgamento do STF, será oferecida a defesa
após a notificação, com certeza de que os argumentos da defesa serão
acolhidos.
Minha esposa possuía conta no exterior dentro das normas da
legislação brasileira, declaradas às autoridades competentes no momento
obrigatório, e a origem dos recursos nela depositados em nada tem a ver
com quaisquer recursos ilícitos ou recebimento de vantagem indevida".
Já o criminalista José Claudio Marques Barbosa, que defende João
Augusto Rezende Henriques, informou que só vai se manifestar sobre a
acusação pelos autos e após se encontrar com seu cliente, que está preso
no Paraná.
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