Ligado à Camargo Corrêa, o engenheiro Luiz Carlos Martins também citou em sua delação repasses para o senador Edison Lobão (PMDB-MA) e para o economista Delfim Netto
O
engenheiro Luiz Carlos Martins, ligado à Camargo Corrêa, relatou à
força-tarefa da Lava Jato que havia o compromisso de pagar 21 milhões de
reais em propina para o PT e o PMDB pelas obras da usina hidrelétrica
de Belo Monte, no Pará. O engenheiro fechou delação premiada na Lava
Jato em meados de 2015 e prestou novo depoimento em 30 de março deste
ano.
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Martins contou que, em 2011, levou ao então presidente da Camargo
Corrêa, Dalton Avancini, a "cobrança" que lhe havia sido feita pelo
então presidente da Andrade Gutierrez Energia, Flávio Barra. "No sentido
de que 1% dos valores desembolsados no contrato das obras civis de Belo
Monte deveria ser encaminhado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ao
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB); que, complementando,
afirma que a participação da Camargo Corrêa no empreendimento
compreendia 16% no consórcio construtor (CCBM), pelo que lhe caberia o
pagamento de 21 milhões de reais a título de propina aos citados
partidos, 50% para cada", diz o texto da delação.
O engenheiro relatou que, ao encaminhar "tal demanda" a Avancini, foi
orientado a tratar exclusivamente dos pagamentos relacionados ao PMDB,
"sendo que os valores a serem direcionados ao PT o próprio presidente
disse que iria resolver". Martins afirmou ainda que cogitou comprar 1
milhão de reais em suco de fruta para maquiar suposta propina ao senador
Edison Lobão (PMDB-MA), nas obras da usina. No depoimento, ele detalhou
que a "operacionalização dos pagamentos" a Lobão envolveu a empresa AP
Energy Engenharia e Montagem LTDA. Lobão era então ministro de Minas e
Energia.
"O 'caminho' utilizado para fazer o dinheiro chegar ao destinatário, o
então ministro de Minas e Energia Edison Lobão, foi mencionado em
reunião do Conselho Diretor do CCBM (Consórcio Construtor Belo Monte);
que, especificamente, recorda-se que foram cogitados vários 'caminhos',
sendo que um deles envolvia Luiz Fernando Silva, que teria sido
secretário estadual no Maranhão e que teria vínculos com o então
ministro Lobão", relatou.
O criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende
Lobão, afirmou que o senador "desconhece essa empresa". "Nunca ouviu
falar, não conhece essas duas pessoas que seriam os donos da empresa.
Realmente não tem a menor noção de por que houve a citação". Dalton
Avancini celebrou acordo de delação premiada antes e delatou o próprio
Luiz Carlos Martins. A defesa da empresa AP Energy não foi localizada.
Também não foi localizado o defensor de Luiz Fernando Silva. Procurados,
PT e PMDB não se manifestaram sobre o caso.
Delfim - A delação de Luiz Carlos Martins também
envolve o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto. Segundo o engenheiro, o
PMDB determinou propina de 10% ao economista sobre as obras da Usina de
Belo Monte. O executivo declarou que pagou 160.000 reais em quatro
parcelas.
Em 25 de junho do ano passado, o engenheiro relatou que durante uma
reunião, em 2012, o então presidente da Andrade Gutierrez Energia,
Flávio Barra, "informou que do valor de 1% da propina que deveria ser
dividida entre as empresas, ao invés de ser 50% para o PT e 50% para o
PMDB, seria na verdade 45% para cada, e 10% seria destinado a Delfim
Neto". "Todos reclamaram disso, mas Flávio informou que era uma
determinação do agente político do PMDB", declarou o executivo.
Os advogados Ricardo Tosto e Maurício Silva Leite, defensores de
Delfim, informaram que o ex-ministro recebeu por serviços de
consultoria. "Delfim Netto informa que prestou serviços de consultoria
na área econômica e que recebeu os respectivos honorários."
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(Com Estadão Conteúdo)
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