O Ministério Público Federal informou que classificou as suspeitas de irregularidades em dois grupos - Foto: Jefferson Rudy
O Ministério Público Federal identificou irregularidades de R$ 2,5
bilhões no Bolsa Família e deu prazo de 30 dias para que a Secretaria
Nacional de Renda e Cidadania (Senarc), vinculada ao Ministério de
Desenvolvimento Social e Agrário, informe quais providências serão
adotadas. As fraudes foram descobertas pelas Câmaras Criminal e de
Combate à Corrupção em pagamentos e perfis dos beneficiários do programa
entre 2013 e 2014.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, levantamento feito
pelo órgão aponta que, somando-se os pagamentos a título de benefícios, o
total pago sob suspeitas de irregularidades alcança R$ 2,5 bilhões,
abrangendo aproximadamente 1,4 milhão de beneficiários – titulares do
benefício e suas famílias. A comunicação à Senarc cobrando providências
foi encaminhada em 23 de maio.
O diagnóstico, segundo o Ministério Público Federal, é resultado de
“ferramenta de inteligência” criada pela Procuradoria. A plataforma
permite a “rápida identificação de possíveis irregularidades
relacionadas ao preenchimento de requisitos legais para inclusão como
beneficiário do Programa Bolsa Família a partir do cruzamento de bases
de dados públicas”. Foram cruzados dados disponibilizados pela Senarc,
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pela Receita Federal e pelos
Tribunais de Contas.
O Ministério Público Federal informou que classificou as suspeitas de irregularidades em dois grupos.
“No primeiro, as inconsistências dizem respeito a saques realizados
por pessoas já falecidas, indivíduos sem CPF ou, ainda, a beneficiários –
compreendidos tanto os titulares do benefício como aqueles que integram
o clã familiar para fins de cálculo da renda per capita – com múltiplos
CPF’s vinculados a um mesmo Número de Inscrição Social (NIS) cadastrado
em banco de dadosdo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário”,
informa nota da Procuradoria.
“No segundo grupo, foram constatados beneficiários que são, ao mesmo
tempo, servidores públicos cuja família declarada tem menos de quatro
pessoas, doadores de campanha em valores superiores ao recebido no
programa, proprietários ou responsáveis por empresas ativas, e
servidores públicos (independente da composição do clã familiar) e
doadores de campanha (independente do valor doado).”
O Projeto Business Intelligence Bolsa Família, aprovado pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em junho de 2015, é uma
iniciativa das Câmaras Criminal e de Combate à Corrupção,envolvendo
também a Secretaria de Pesquisa e Análise (Spea) e a Secretaria de
Tecnologia da Informação e Comunicação (STIC).
Os trabalhos, iniciados em 2014, tem o objetivo de oferecer
tratamento sistematizado no combate a fraudes no Programa Bolsa Família e
de extrair todo o potencial de ferramentas de inteligências adquiridas
pelo MPF para auxiliar investigações de massa, além de contribuir para a
transparência e o aprimoramento da aplicação de recursos públicos
federais no âmbito do programa.
Fonte: (AE)
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