Entre os alvos estariam parlamentares com foro privilegiado de diversos partidos e pessoas envolvidas na Operação Lava Jato
Marcos Valério está há três anos preso na região metropolitana de Belo Horizonte
Em mais uma tentativa de fechar um acordo de
delação premiada, o operador do mensalão Marcos Valério entregou na
semana passada ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais uma
proposta de colaboração para revelar novos detalhes sobre os escândalos
do mensalão do PSDB e do PT. O advogado Jean Robert Kobayashi Júnior,
escalado para negociar a proposta, afirma que Valério deve entregar
cerca de 20 nomes, incluindo parlamentares com foro privilegiado de
diversos partidos, e nomes envolvidos nos escândalos investigados na
Lava Jato, a quem a defesa de Valério encaminhou uma proposta de
colaboração no ano passado.
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Há três anos preso na região metropolitana de Belo
Horizonte, Valério pegou a maior pena entre os condenados no histórico
julgamento do STF e cumpre 37 anos de prisão por corrupção ativa
peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A interlocutores, ele
tem dito que "cansou de apanhar" e que "agora vai começar a bater".
Valério está na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde trabalha
para descontar dias de sua pena.
A expectativa dele era de conseguir ir para o regime
semiaberto em um ano e meio, mas ele ainda está prestes a ser julgado
por envolvimento no mensalão mineiro, pela Justiça estadual, e também já
foi alvo de uma denúncia da Lava Jato perante o juiz Sérgio Moro, em
Curitiba, o que pode, na prática, impedir que ele deixe o regime
fechado. Seu interrogatório na ação penal que responde no mensalão
mineiro está marcado para o dia 1º de julho.
Diante disso, no ano
passado, a defesa de Valério, sob responsabilidade do criminalista
Marcelo Leonardo, encaminhou uma proposta de delação à força-tarefa da
Lava Jato em Curitiba, que avalia os termos. Agora, com um advogado
somente para a negociar a colaboração, o operador do mensalão promete
contar mais detalhes também sobre o esquema operado por ele que
financiou o caixa dois da campanha à reeleição do ex-presidente do PSDB
Eduardo Azeredo ao governo de Minas em 1998 e que pode também ter
envolvido outras pessoas e políticos na década de 1990. Como o mensalão
mineiro é investigado pela Justiça Estadual, essa nova proposta foi
encaminhada ao Ministério Público do Estado.
A lei que define as
organizações criminosas (12.850, de 2013) estabelece que a colaboração
com a Justiça pode ser feita a qualquer tempo e independe de uma
condenação anterior, desde que a colaboração resulte em resultados como a
identificação de coautores e partícipes da organização criminosa e dos
crimes; revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da
organização, entre outros.
Marcelo Leonardo continua a defender
Marcos Valério nas ações penais e informou que não iria comentar sobre
as eventuais tratativas de delação de seu cliente. O Ministério Público
de Minas Gerais confirmou que recebeu proposta de delação, e avalia se o
operador do mensalão pode trazer fatos novos para as investigações.
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