Eles precisam guardar as instruções do "Brilhante Camarada", que manja de futebol feminino e de esterilização de equipamentos cirúrgicos
O
ditador Kim Jong un inspeciona a construção de uma fábrica de sabonete
em Pyongyang, na Coreia do Norte, em junho de 2016 (Crédito: AFP /KCNA /
KCNA)
O ditador Kim Jong-un da Coreia do Norte ostenta o título de
“Brilhante Camarada”, dado em 2009 pelo seu pai Kim Jong Il pouco antes
de morrer. Pela lógica da única ditadura comunista hereditária do mundo,
ele é hoje considerado o herdeiro da sabedoria de seu pai e do seu avô,
Kim Il Sung.
Nas viagens pelo país, Kim Jong-un distribui esse conhecimento fantástico para todos os habitantes de seu reino, como um guia benevolente.
Suas ordens são consideradas mais importantes que a Constituição. Quem
toma nota delas são generais e funcionários, membros do Partido
Comunista. Eles quase sempre aparecem nas fotos de Kim Jong-un,
caminhando a seu lado com bloquinhos de anotação.
Em 2014, Kim Jong-un assistiu a uma partida entre duas equipes da Coreia do Norte.
Logo após, ele deu “valiosas instruções para completar a tecnologia do
esporte, o sistema de técnicas e os métodos de treinamento ao estilo
coreano”, segundo a agência oficial de notícias, a KCNA.
Em algumas visitas, Kim Jong-un está mais inspirado. Ao passear pelo hospital Taesongsan, em 2013,
ele fez diversas recomendações. Na farmácia, sugeriu que escrevessem
textos nos rótulos dos remédios com a “língua oficial internacional”
(como é antiamericano, ele jamais falaria “inglês”). Nos corredores,
instruiu para que colocassem bancos e pendurassem avisos nas paredes com
informações de saúde. Na sala de cirurgia, conferiu se os materiais estavam completamente esterilizados e “sem pó”.
Na sala de endoscopia, verificou o estado dos equipamentos. “Eu gostei
do uso do espaço na sala de cirurgia abdominal”, disse ele. Kim
Jong-un ainda recomendou o plantio de árvores para que os pacientes
possam descansar bem e passear.
Um detalhe interessante nessa história é que, embora divague sobre qualquer tema, Kim Jong-un não foi muito bem quando estudou em uma escola na Suíça. Apesar de estar em uma turma de alunos dois anos mais novos, o “Brilhante Camarada” tirava notas fracas e passava sempre raspando. Faltava constantemente e, segundo um professor, só aparecia para as aulas da tarde.
As anotações feitas pelos seus comandados não costumam ter um
destino. Quando têm, algumas vezes elas entram em contradição com
outras anteriores. Nesse caso, a última é que fica valendo.
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