O sítio foi o único imóvel que lhe restou, de um patrimônio avaliado em cerca de R$ 100 milhões (Foto: Estadão)
Há três semanas em regime de prisão domiciliar, com uso de
tornozeleira eletrônica, o ex-diretor da área internacional da Petrobras
Nestor Cerveró conseguiu reduzir sua pena total de 17 anos e três meses
de prisão - em duas condenações na Lava Jato por corrupção, lavagem de
dinheiro e crime financeiro - para 4 anos de reclusão.
Cerveró ficou um ano e cinco meses, de 14 de janeiro de 2015 a 23 de
junho deste ano, em cadeias do Paraná: amargou períodos na carceragem da
Polícia Federal em Curitiba e no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na
região metropolitana. O cárcere agora é sua residência em Itaipava,
distrito de Petrópolis, cidade na região serrana do Rio, a 90 km da
capital fluminense.
Cerveró, que faz 65 anos em agosto, mora com a mulher e a filha. A
casa, dentro de um condomínio, só pode ser visitada por parentes
autorizados pela Justiça. Foi o único imóvel que lhe restou, de um
patrimônio avaliado em cerca de R$ 100 milhões e bloqueado pela Justiça.
Na sexta-feira, 15, a reportagem esteve em Itaipava e falou
brevemente com o ex-diretor pelo interfone instalado na fachada: "Eu não
falo com a imprensa, de jeito nenhum. Nunca dei entrevista, nesses dois
anos e meio que eu estou... Você está perdendo seu tempo", limitou-se a
dizer.
Segundo funcionários do condomínio, antes de ser envolvido na Lava
Jato, Cerveró tinha o hábito de caminhar pela área de uso comum. Desde
que foi preso, ele só voltou a ser visto em Itaipava no Natal e Ano
Novo. Na ocasião, ganhou o benefício do Supremo Tribunal Federal (STF)
de passar em casa a última semana de dezembro, após homologação de seu
acordo de delação premiada.
Desde que voltou ao local, em 24 de junho, Cerveró manteve-se dentro
dos limites da residência, conforme relatos. À exceção da quinta-feira
passada, quando a reportagem esteve em Itaipava pela primeira vez. "Não
sei se eles viajaram, só sei que não tem ninguém aqui", disse um dos
empregados.
Pelo acordo feito com o STF, Cerveró só pode deixar o domicílio para
consultas médicas ou para prestar esclarecimentos à Justiça, sempre sob
escolta.
Graças à delação, Cerveró tem pela frente um ano e meio em regime
domiciliar fechado, um ano em domiciliar semiaberto, mas com direito de
sair para trabalhar, e um ano em domiciliar aberto, sem tornozeleira,
mas monitorado, além de prestação de serviços comunitários. (AE)
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