Especialista informou que o grupo está aproveitando o momento para espalhar a ideologia extremista antes da competição esportiva

Forças de segurança simulam sequestro de trem no Rio de Janeiro (Bruno Kelly/Reuters)
Um grupo extremista no Brasil declarou lealdade ao Estado
Islâmico (EI) e criou um canal chamado Ansar al-Khilafah Brazil no
aplicativo Telegram, que se assemelha ao popular WhatsApp. A informação
foi divulgada pela especialista americana em monitoramento de atividades
terroristas na web Rita Katz, do SITE Intelligence Group, nesta
segunda-feira.
De acordo com Katz, esta é a primeira vez que uma organização anuncia
aliança com o Estado Islâmico na América do Sul. Dentro do grupo no
Telegram, o Ansar al-Khilafah Brazil comentou que, “se a polícia
francesa não consegue deter ataques dentro do seu território, o
treinamento dado à polícia brasileira não servirá em nada”, referindo-se
ao apoio que agências internacionais de inteligência têm oferecido ao
governo brasileiro na prevenção de ataques terroristas durante os Jogos
Olímpicos do Rio de Janeiro.
Em um post no Twitter, Katz ressaltou que o grupo está aproveitando o
momento para espalhar a ideologia extremista antes da competição
esportiva. No fim de maio, o EI criou o primeiro canal em português da
organização, também dentro do Telegram. A página, para propaganda do
califado, é uma versão em português do já existente Nashir Channel.
Procurada pela ANSA, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
ainda não retornou ao contato sobre a suposta aliança de um grupo no
Brasil ao Estado Islâmico. O cientista político Heni Ozi Cukier,
professor de Relações Internacionais da ESPM, disse que qualquer ameaça
precisa ser verificada para se constatar se é falsa ou real. “Pode ser
só uma oportunidade de aterrorizar antes dos Jogos”, afirmou,
destacando, porém, que, caso seja verdadeira, o Brasil precisa aumentar
sua vigilância.
Na semana passada, a Assembleia Nacional da França publicou o
relatório de uma audição com o chefe da Direção de Inteligência Militar
(DRM), general Christophe Gomart, no qual o especialista admitia ter
informações de que o Estado Islâmico planejara um atentado contra a
delegação francesa durante os Jogos. As Olimpíadas do Rio de Janeiro
ocorrerão entre os dias 5 e 21 de agosto.
Devido ao massacre em Nice há quatro dias, quando Mohamed Bouhlel
atropelou uma multidão e matou 84 pessoas, o governo brasileiro adotou
medidas extras de segurança para os Jogos. Neste domingo foi realizado o
terceiro treinamento de forças conjuntas para simular a cerimônia de
abertura, que ocorrerá no Maracanã. A estimativa é de que cinco mil
homens da Força Nacional de Segurança Pública e 21 mil oficiais das
Forças Armadas, além do contingente fixo do Rio de Janeiro, façam a
segurança durante os Jogos Olímpicos.
(Com ANSA)
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