Espécie de coral é considerada invasora, provoca extinção dos corais nativos e pode impactar na redução de pescado
Mergulhadores cearenses encontraram no fundo do mar, pela primeira vez no Ceará, uma espécie invasora de coral que pode causar sérios danos ao ecossistema marinho do Estado afetando, inclusive, a produção pesqueira.
Conhecido por sua cor, beleza e nocividade, o coral sol (Tubastraea
tagusensis) foi observado a aproximadamente 36 km da costa no município
de Acaraú, litoral oeste do Estado. Natural do Oceano
Pacífico, o coral sol teria chegado em cascos de navios petroleiros. Por
se reproduzir rapidamente, a espécie é apontada como grande risco ao
equilíbrio ambiental por especialistas do Instituto de Ciências do Mar
(Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC).
“É a primeira vez que o coral sol é encontrado no Ceará. Estávamos
visitando o naufrágio do conhecido 'petroleiro do Acaraú' quando me
deparei com essa espécie, representa um grande risco”, afirma o
mergulhador e pesquisador Marcus Davis. O mergulho com o primeiro
registro deu-se em maio deste ano. Ele não soube precisar a dimensão
territorial ocupada pela espécie invasora. “Só os estudos dos órgãos
especializados na área que poderão nos dizer”.
Redução do pescado
O coral sol alimenta-se de plâncton e absorve carbonado de cálcio, impacta na cadeia alimentar,
pondo grave risco a outras espécies. É um animal do mesmo grupo das
águas-vidas (cnidários) que se reproduz de forma assexuada e provoca
danos aos corais nativos. Um dos riscos é a redução da oferta de
pescado. Isso porque a maior parte das espécies de peixes da costa
brasileira se alimenta nos recifes próximos aos corais nativos. Com o
coral sol, a oferta de alimentos diminui e os peixes tendem a se
deslocar para outras áreas.
Entrada no Brasil
O coral sol teve a presença registrada no Brasil pela primeira fez no
início dos anos 1980 na costa do rio de janeiro e hoje atinge costões
rochosos nos litorais também de São Paulo, Santa Catarina, Espírito
Santo, Bahia, Sergipe e Alagoas. Até então não se tinha informação sobre
o problema no Ceará. “Estamos avaliando os impactos que o coral sol já
possa estar causando, mas esse tema deve envolver os mais diversos
órgãos que possam discutir a segurança do ambiente marinho”, afirma
Pedro Carneiro, biólogo do Labomar que mergulhou até os corais.
Em 2015, Ministério Público Federal dos estados de Rio de Janeiro e
Sergipe moveram ações contra Petrobras, Transpetro e estaleiros ao
responsabilizá-los para inspeções nas embarcações com intuito de evitar
que novos organismos invasores instalam-se na costa daqueles Estados.
Por
Melquíades Júnior
Fonte: verdesmares.com.br
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