
Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados
Depondo ao
juiz Sérgio Moro pela primeira vez depois que fecharam acordo de delação
premiada com o Ministério Público Federal, três ex-executivos da Andrade
Gutierrez revelaram que pagaram 1% em propina para o Partido dos Trabalhadores
em todos os contratos que a construtora fechou com órgãos federais ou empresas
públicas, não só a Petrobras.
O ex-diretor
de relações institucionais da Andrade, Flávio Gomes Machado Filho foi quem
prestou o depoimento mais detalhado, dizendo ter sido ele o diretor da companhia
responsável pelo acerto da própria ao PT, que, segundo seu depoimento, foi
tratada diretamente com o ex-ministro Ricardo Berzoini, presidente do partido à
época. “Tivemos uma reunião em que participaram pela Andrade, Otávio (Azevedo –
presidente da companhia) e eu, e pelo PT, o presidente do partido à época,
Ricardo Berzoini, o João Vaccari e o Paulo Ferreira. Nesta reunião o Berzoini
fez essa colocalção que gostaria que todo e qualquer contrato com a Andrade
Gutierrez tivesse o pagamento de vantagens indevidas de 1%”, disse, afirmando
ter ocorrido o pagamento, a partir de 2008, data de tal reunião, por obras da
Petrobrás, da Eletronuclear e, até, por financiamento recebido pela construtora
para a realização de obra na Venezuela.
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Outro
diretor da companhia a prestar depoimento nesta quarta-feira, Antônio Pedro
Campelo de Souza Dias disse ao juiz Sérgio Moro que todas em todas as
licitações da Petrobras que a Andrade Gutierrez saiu vencedora, houve acerto
com o “clube das empreiteiras” para que outras construtoras apresentassem
propostas com valores superiores. Ele contou que, assim que assumiu cargo de
diretoria da Andrade já foi alertado sobre o funcionamento das licitações na
Petrobras e a exigência das comissões. “Numa das primeiras reuniões que tive, me
levaram para conversar com o José Janene, que declarava que a cadeira de
diretor de abastecimento e refino era dele”, relatou.
O
ex-executivo da Andrade Helton Negrão de Azevedo Júnior também prestou
depoimento nesta quarta-feira, disse que tratou de pagamento de propinas a
diretores da Petrobras. Alegou que aceitou aderir a tal prática pelo fato de a
Andrade ser uma empresa nova e que nunca era convidada para os certames da
estatal, mas informou desconhecer o pagamento de vantagens a políticos até o ano
de 2009, quando “ao analisar os resultados do meu setor (comercial), encontrei
uma despesa de R$ 3 milhões na minha, fui questionar o que era e ouvi que o
Otávio Azevedo tinha acertado 1% para o PT em todos os contratos da Petrobras”.
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