A
avaliação é de que o encerramento dos trabalhos sem votação do recurso
de peemedebista em comissão sobre a cassação de seu mandato pretende
esperar eleição de um presidente da Câmara alinhado com Cunha capaz de
segurar o processo (Foto: Luis Macedo/Câmara)
Ao término da sessão da Comissão de Constituição e Justiça,
líderes partidários acusaram o grupo do deputado afastado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) de manobra com a anuência do presidente da CCJ, Osmar
Serraglio (PMDB-PR). A avaliação é de que encerrar os trabalhos sem
votar nesta quarta-feira, 13, o recurso do peemedebista visa protelar a
análise e esperar a eleição de um presidente da Casa alinhado com Cunha,
ou seja, escolher alguém capaz de segurar o processo contra o
peemedebista.
"O objetivo é evitar que o caso chegue ao fim", disse o líder da
Rede, Alessandro Molon (RJ). O deputado acusou Serraglio de favorecer
Cunha. "Isso foi uma manobra da qual fez parte o presidente da CCJ para
suspender a sessão", completou o petista Wadih Damous (RJ). O petista
repetiu que se a Câmara não cassar Cunha, o Judiciário vai intervir.
"Ele será um permanente fator de crise enquanto ele for deputado",
observou.
O tucano Betinho Gomes (PE) também deixou a sessão inconformado.
"Isso mostra que Eduardo Cunha tem força aqui. Ele ficou ditando o ritmo
o tempo inteiro e o presidente da CCJ foi influenciado por isso",
comentou. O deputado acredita que uma sessão na quinta-feira pela manhã,
tem o risco de não ter quórum, principalmente por causa da eleição para
presidente da Casa e o início do recesso.
Reação
Serraglio alegou que encerrou a sessão porque já havia um pedido dos
líderes para a convocação de nova sessão para esta quinta-feira, 14, e
revelou que recebeu várias ligações durante a sessão de candidatos
pedindo para que a CCJ não desse continuidade aos trabalhos para que
eles pudessem fazer campanha.
O peemedebista acusou o presidente interino da Câmara, Waldir
Maranhão (PP-MA), de manipular com o horário da eleição para influenciar
os trabalhos da CCJ. "A grande vergonha é a presidência da Casa ficar
manipulando", reagiu. O presidente da CCJ reconheceu que foi tolerante
em conceder tempo para todos, mas afirmou que isso é a praxe na
comissão.
A sessão de hoje durou sete horas e foi marcada pela obstrução dos
aliados de Cunha, os principais beneficiários da "condescendência" de
Serraglio. Para o peemedebista, não haveria tempo suficiente para se
votar o recurso nesta quarta-feira, 13. "Qual é o problema em se cassar
hoje ou amanhã, se esse é o objetivo?", indagou.
Ele reclamou da realização de eleição na Casa no mesmo dia da votação
de um recurso importante na comissão. "Alguém vai morrer se não tiver
essa coincidência?", insistiu. Serraglio admitiu que, durante os
trabalhos, sofreu pressão de Cunha e seus aliados para reabrir o prazo
de inscrição e para encerrar a sessão às 16h, como estava previsto
inicialmente. "Era um pressão que não adiantou", afirmou. (AE)
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