Mães, pais e professores têm papel fundamental na educação de gênero de meninos e meninas. Os ensinamentos, segundo educadores e especialistas, devem começar logo nos primeiros anos de vida, dentro de casa e nas escolas
A
realidade da violência contra as mulheres é mais complexa do que se
pode imaginar. Elas apanham, sim. São agredidas e mortas. O Estado
oferece rede de acolhimento, com delegacias especializadas, 19 varas
judiciais específicas, medidas protetivas de afastamento, 40
promotorias, Casa da Mulher Brasileira, Casa Abrigo, projetos de
reinserção da mulher no mercado de trabalho, na convivência social. Mas
uma coisa ainda perturba. O homem que quer bater, xingar, ameaçar, matar
a esposa, a namorada ou a ex-mulher o fará. O agressor entende que deve
e, pior, pode agredir. A mudança de postura deve ser mais profunda, a
partir da casa, da escola, da infância.
Incorporar o tema nos colégios não é fácil. É uma das principais reivindicações dos militantes contra a violência de gênero. Há menos de um mês, na Esplanada dos Ministérios, 3 mil mulheres se juntaram para protestar contra a cultura de estupro, pedir justiça para os casos que envolvem violência contra elas e exigir políticas públicas que garantam a educação de gênero nas instituições de ensino brasileiras.
A mobilização foi organizada por 16 entidades ligadas a causas feministas e de defesa da criança e do adolescente. O estopim foi o caso da menina estuprada por mais de 30 homens no Rio de Janeiro. Uma semana depois do crime praticado na capital carioca, Brasília se tornou cenário para a mesma barbárie. Três meninas, de 11, 13 e 15 anos, em locais diferentes do DF, foram estupradas por mais de dois homens.
Quando o assunto entra na pauta em alguma escola, logo é questionado. Um professor do Centro Educacional 6 de Ceilândia passou um trabalho no qual os alunos deveriam debater temas como homofobia, integração de gênero, pansexualidade, relações poliamorosas e transexualidade. Um pai reclamou e deputados distritais pediram esclarecimentos à direção e “providências legais cabíveis”. Uma das parlamentares disse que a atitude era para “defender os valores da família”.
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