Pesquisa revela que um mestre ganha R$ 9.179, enquanto a remuneração de um indivíduo empregado, independentemente de seu nível educacional, é de R$ 2.499
Um brasileiro que detém o título de mestrado ganha, em média,
quatro vezes mais que a média dos trabalhadores brasileiros. Se o
profissional tiver doutorado, o salário pode ser quase seis vezes maior.
A conclusão é do estudo Mestres e Doutores 2015,
feito pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), associação
sem fins lucrativos ligada ao Ministério da Ciência Tecnologia e
Inovação (MCTI), que fez um amplo retrato dos pós-graduados brasileiros.
O relatório, publicado na última terça-feira, cruzou indicadores como
renda, idade e proporção dos pós-graduados entre 1996 e 2014 e revela
que, apesar de o número de profissionais com títulos ter crescido, ainda
há uma grande distância em relação à média internacional.
Em 2013, por exemplo, a média brasileira foi de 7,6 doutores formados
para cada grupo de 100.000 habitantes. Entre as nações da Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas México
(4,2) e Chile (3,4) apresentaram desempenho inferior ao Brasil.
“O estudo demonstra que há uma grande distância em relação aos países
desenvolvidos, o que nos incentiva a manter e expandir os
investimentos”, afirmou a coordenadora do estudo, Sofia Daher.
Renda – Segundo o relatório, em 2014, a remuneração
média dos profissionais com título de mestrado era de 9.719 reais,
enquanto os ganhos de um indivíduo com emprego formal, independentemente
de seu nível educacional, era 2.449 reais. Isso significa que um mestre
recebia praticamente quatro vezes mais do que a média dos trabalhadores
brasileiros. Um doutor tinha salário médio de 13.861 reais, ou seja,
5,7 vezes mais do que recebia a média dos trabalhadores do país.
“O elevado diferencial da remuneração dos mestres em relação à dos
trabalhadores de todos os níveis educacionais é um indicativo do baixo
nível educacional da população e da carência de profissionais mais bem
qualificados”, afirma o relatório. O maior salário estava entre os
doutores e mestres empregados em entidades empresariais estatais – os
doutores ganhavam 19.409 reais e os mestres recebiam em média 14.833
reais. Segundo a pesquisa, em 2009, um mestre ganhava de 8.880 reais,
enquanto um doutor tinha a remuneração média de 11.732 reais.
Idade – O número de programas de mestrado e
doutorado no Brasil também aumentou durante o período. Em 2014, existiam
3.629 programas de mestrado no país, enquanto em 1996, o número era
menos da metade: 1.187. Os cursos de doutorado aumentaram de 630, em
1996, para 1.954 em 2014, um crescimento de 210%.
A pesquisa analisa ainda a idade com que mestres e doutores se formam
no país. Entre 1996 e 2014, a idade dos pós-graduados caiu em média
dois anos. Em 2014, os estudantes brasileiros adquiriam o título de
mestrado no Brasil com 32,3 anos. Em 1996, isso acontecia aos 33,4 anos.
Já o recém-formado no curso de doutorado tinha em média 37 anos em
2014. Em 1996, ele tinha 39.
Segundo o estudo, a queda é importante, mas ainda bem distante do
panorama internacional. Em 2014, um americano receberia o título de
doutorado pelo menos cinco anos antes. “Quanto mais elevada a idade ao
titular, menor deverá ser o número de anos que o indivíduo poderá
trabalhar utilizando os conhecimentos adicionais adquiridos nos cursos”,
afirma o texto.
A publicação, lançada durante uma sessão especial da 68ª Reunião
Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em
Porto Seguro, na Bahia, faz parte de um esforço do CGEE para avaliar a
formação de profissionais nas áreas de ciência, tecnologia e inovação no
Brasil e subsidiar a formulação de políticas públicas na área. É a
quarta edição do estudo, publicado desde 2011.
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