É tenso o clima existente entre os produtores e criadores de
camarão de viveiros em Jaguaruana, a possível chegada de um Vírus conhecido por
MANCHA BRANCA, vem fazendo com que muitos empresários do setor, fiquem
preocupados. Comentários dão conta de que aqui no município alguns viveiros já
foram identificados com a possível mazela, aumentando ainda o risco de uma
contaminação endêmica, caso o fato seja confirmado.
Pra quem não sabe o município de Jaguaruana sempre foi
conhecido como a Terra da Rede. Porém, em meados dos anos 90, a cultura de
criação de camarão em viveiros deu inicio em uma nova etapa de conhecimento do
município de Jaguaruana. Em poucos anos, A terra que era conhecida como da
Rede, passou a ser conhecida também como a Terra do Camarão.
Fonte de emprego e renda, criar camarão passou a ser um
investimento certo e lucrativo, pois sua produção quase que total era exportado
para países como os Estados Unidos, Ásia e Europa. Sendo produzido a preço de
Real e negociado ao valor do Dólar, criar camarão se tornara bem melhor que
fabricar redes. Esse atrativo fez com que vários empresários do setor têxtil, investissem
no setor da Carcinicultura.
Criar camarão em Jaguaruana virou uma epidemia. Bastava ter
apenas um terreno, por maior ou menor que fosse que logo se conseguiria algum
financiamento de acordo com sua capacidade. Durante muitos anos, nosso
município contou com a farta quantidade de água que corria no leito do Rio
Jaguaribe e quem não tinha acesso ao Rio cavavam-se poços, pois o lençol
freático também era muito rico de água. Para os investidores do setor um
verdadeiro sonho. Para a mãe Natureza, a certeza de que um dia cobraria sua
conta, infelizmente.
Devemos lembrar que o relato feito aqui é do Município de
Jaguaruana, mas em todo o Vale do Jaguaribe a história era mesma. Partindo de
Alto Santo e Finalizando nos Município de Aracati e Fortim, o nosso Vale ficou
totalmente tomado por milhares de Viveiros de Camarão. Uma festa para os
produtores e a certeza de que muitos cidadãos estariam empregados, pois o
cultivo desse crustáceo requisita muita mão de obra.
Porém, como nesta vida nada dura para sempre, os produtores
do ouro de água salgada que se adaptou a água doce começou a se preocupar.
Informações dia após dia davam conta que a tal Mancha Branca do Camarão, uma
doença causada por um vírus que afeta diretamente o crustáceo e prejudica seu
crescimento, estaria se espalhando pela região. Neste momento, comenta-se que os
municípios de Aracati, Itaiçaba, Jaguaruana e Região Norte Rio Grandense já se
deram conta da doença em vários viveiros e que produtores já contabilizam
prejuízos irreparáveis.
Estima-se que, nos últimos dez anos, a “mancha-branca”
afetou consideravelmente a “carcinicultura” (cultivo de crustáceos), causando
uma perda aproximada de US$ 20 a 30 bilhões de Dólares. No entanto, alguns
países, como a China e o Japão foram mais afetados. Após o surgimento do vírus
na China, em 1993, a produção de camarões cultivados caiu cerca de 70%.
Se levarmos em conta de que os estados do Nordeste são
responsáveis por 95% da produção de camarões de viveiros e que o nosso Ceará,
hoje, representa o maior produtor do Brasil, podemos ver aí o tamanho da
preocupação dos criadores. Diante a tudo isso, fica a dúvida e a incerteza. O
que acontecerá realmente se essa doença se instalar de vez em nosso meio? Quais
as causas e consequências que isso pode trazer para nossa economia, nosso povo
e nossa cidade? Perguntas que só o tempo há de responder.
Diante a tudo isso fica a certeza de que faltou algo para
que se evitasse chegar a esse ponto que estamos chegando. Os olhos dos
produtores se embelezaram com o lucro fácil e por sua vez esqueceu que este
Plano em que vivemos não nos pertence. Faltou, em minha opinião, planejamento e
acima de tudo de se fazer uma parceria sólida com a mãe Natureza. Afinal ela
emprestou a Água, a Terra e o Sol e em contra partida só recebeu em até agora
como pagamento, apenas, o descaso de quem recebeu tudo isso. Acredite, ela
apenas está cobrando sua dívida.
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