Um novo laudo da Polícia Federal aponta que os valores de
registros dos dois terrenos que compõem o Sítio Santa Bárbara, em
Atibaia (SP) – que a Operação Lava Jato suspeita ser do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva – são distintos dos valores pagos. Enquanto o
de maior valor de mercado foi registrado R$ 655 mil abaixo do preço
pago, o de menor valor foi declarado como R$ 655 mil acima.
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Com 180 mil metros quadrados de área e composto por duas propriedades
com matrículas distintas (19.729 e 55.422), o Sítio Santa Bárbara foi
comprado no fim de 2010, no mesmo dia, pelo valor total de R$ 1,5
milhão. O laudo diz que o valor informado pelo antigo dono e pelo
compradores é compatível com o preço de mercado.
Os dois imóveis foram adquiridos no mesmo dia e registrados em nome
dos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna. Ambos são sócios dos
filhos do ex-presidente Lula. O primeiro, dono oficial do sítio, segundo
a defesa do ex-presidente, é filho do ex-prefeito de Campinas Jacó
Bittar, amigo de Lula desde a época de sindicalismo e da fundação do PT.
“As estimativas periciais demonstram que parte do sítio em nome de
Fernando Bittar foi registrada por um valor cerca de R$ 655.000,00
abaixo da avaliação de mercado. Por sua vez, parte correspondente em
nome de Jonas Leite Suassuna Filho foi registrada por um valor cerca de
R$ 655.000,000 acima da avaliação de mercado”, informa o laudo
1474/2016, da Polícia Federal, em Curitiba.
Para os investigadores da Lava Jato, o sítio foi registrado em nome
de terceiros, mas pertenceria ao ex-presidente Lula. O petista nega. A
propriedade passou por duas reformas que teriam sido executadas pelas
empreiteiras Odebrecht e OAS, com participação do pecuarista José Carlos
Bumlai, amigo de Lula, em 2011 e 2014. Os gastos seriam propina do
esquema de corrupção na Petrobrás, oculta em benfeitorias no imóvel.
Os dois terrenos encravados em uma região de montanhas e dentro de
remanescentes de Mata Atlântica, tem tamanhos distintos. O menor deles,
registrado em nome de Bittar (matrícula 55.422), é o de maior valor.
Essa propriedade que já era chamada de Sítio Santa Bárbara. O terreno
registrado em nome de Suassuna (matrícula 19.720) é maior que o dobro do
primeiro, mas sem benfeitorias nele, seu preço de mercado é de um terço
do preço total do bem. Antes, ele era denominado Sítio Denise.
“Pode-se deduzir que o imóvel da matrícula 55.422 representa cerca de
77% do valor da propriedade conjunta das matrículas. Considerando valor
negociado de R$ 1.500.000,00, para ambas as matrículas, avaliação mais
adequada para cada propriedade seria de RS 1.155.000,00 (um milhão,
cento cinqüenta cinco mil reais) para imóvel adquirido em nome de
Fernando Bittar R$ 345.000,00 (trezentos e quarenta cinco mil reais)
para o imóvel adquirido em nome de Jonas Leite Suassuna Filho”, registra
o laudo.
O documento de perícia contábil foi anexado nesta sexta-feira, 12, ao
inquérito da PF sobre o sítio de Atibaia. O laudo é subscrito pelos
peritos criminais federais João José de Castro Vallim, José Antônio
Schamne e Ior Canesso Juraszek.
O delegado Márcio Anselmo, que recebeu o documento, mandou intimar na
semana passada Bittar e Suassuna para prestar esclarecimentos sobre a
propriedade e as reformas executadas no local. (AE)
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