Inquérito da Polícia Federal concluiu que os envolvidos na confecção do dossiê fajuto denunciado por Veja tinham como objetivo desqualificar toda a operação

Werneck: enquadrado no crime de prevaricação (Roque de Sá/Agência Senado)
A Polícia Federal concluiu a investigação sobre um plano que tinha o objetivo de sabotar as investigações da força-tarefa da Operação Lava-Jato.
A história envolve a entrega de um dossiê ao então ministro-Chefe da
Casa Civil da Presidência da República, Jaques Wagner, no ano passado,
pelo policial Flavio Werneck Meneguelli. Revelado por VEJA em março
passado, o dossiê acusava o juiz Moro, os procuradores, os delegados e
advogados de réus que decidiram colaborar com a Justiça de estarem a
serviço de uma suposta trama do PSDB para implodir o PT e o governo.
Werneck é vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais
(Fenapef) e presidente do Sindicato dos Policiais Federais no DF
(Sindipol).
Publicidade
style="display:inline-block;width:300px;height:600px"
data-ad-client="ca-pub-1514761005057416"
data-ad-slot="1670073085">
A investigação comprovou que o dossiê foi montado para comprometer os
integrantes da força-tarefa da Operação Lava-Jato. O delegado Marcio
Magno Carvalho Xavier, responsável pela investigação, enviou ao
Ministério Público o relatório final do inquérito. Sua conclusão foi a
seguinte: “O encaminhamento do assunto à Casa Civil objetivou fornecer –
de forma questionável, diga-se – elementos para atacar a Operação
Lava-Jato e seus coordenadores”.
O delegado ressalta que o caráter político-partidário da operação:
“O servidor visou dar elementos a filiados do Partido dos Trabalhadores
para tentar desconstituir os trabalhos da Operação Lava-Jato”. O agente
Werneck foi candidato a deputado federal pelo PDT, partido aliado do PT,
“um dos principais partidos políticos atingidos pelas investigações
levadas a cabo pela Operação Lava-Jato”, diz o inquérito.
O policial disse em seu depoimento à Polícia Federal que recebeu
“denúncias” contra procuradores da Operação Lava-Jato. Admitiu também
que se reuniu com o ministro Jaques Wagner no Palácio do Planalto, onde
esteve acompanhado do ex-governador Tião Viana, do PT. Werneck, porém,
negou que o objetivo fosse sabotar a Lava-Jato. Suas intenções eram
outras. Queria denunciar o caso. Para provar isso ele contou ao
delegado ter encaminhado “as denúncias” também ao presidente da
Associação Nacional dos Procuradores da República, José Robalinho. O
procurador, por sua vez, disse que Werneck mostrou para ele apenas um
“panfleto” com informações sobre a equipe da Lava-Jato e que não viu
crime algum no que lhe fora relatado.
Werneck foi enquadrado no crime de prevaricação. Ele está afastado da
PF até a conclusão de procedimento disciplinar, que o investiga por
valer-se do cargo para obter proveito de natureza político-partidária,
prevalecer-se abusivamente da condição de funcionário policial e ainda
de praticar ato lesivo da honra e do patrimônio da pessoa, com abuso de
poder. O relatório final do inquérito foi enviado ao Ministério Público
Federal para adoção de medidas jurídicas necessárias.
0 comentários:
Postar um comentário