O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (20) mudanças no
programa Mais Médicos, uma das principais bandeiras do governo federal
na saúde.
As medidas incluem o reajuste no valor da bolsa paga a todos os
profissionais do programa, que passa de R$ 10.570 para R$ 11.520, a
liberação do ingresso de médicos brasileiros formados na Bolívia e
Paraguai e a diminuição no número de profissionais cubanos a partir de 2017 –a estimativa do governo é que até 4.000 cubanos sejam substituídos por brasileiros nos próximos três anos.
Segundo o ministro Ricardo Barros, a ideia a partir das novas medidas é
estimular a participação de brasileiros no Mais Médicos, hoje composto
em maioria por profissionais cubanos vindos por meio de uma cooperação
com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde).
Essa "troca" de médicos cubanos por brasileiros, no entanto, não ocorrerá de forma imediata. Neste ano, cerca de 4.000 profissionais cubanos que encerram os contratos no Mais Médicos serão substituídos por outros profissionais do mesmo país, como a Folha já havia adiantado na última semana. A expectativa é que os novos médicos estejam no Brasil até dezembro.
Já em 2017, a previsão é que cerca de 2.000 de um total de 5.000 vagas
de médicos cubanos que encerram sua participação no Mais Médicos já seja
destinada a brasileiros. A oferta ocorrerá por meio de editais que
serão lançados até abril.
De acordo com o ministério, tratam-se de vagas "com maior potencial"
para atraírem brasileiros, por estarem em locais menos distantes e com
maior infraestrutura, por exemplo. "Troca" semelhante deve ocorrer nos
anos seguintes. Com isso, a previsão é que o número de cubanos no Mais
Médicos passe de 11.429 para 7.429 em três anos –uma redução de 35%.
A exceção ocorrerá para aqueles que atuam em municípios menores ou em
distritos indígenas, regiões com menor interesse para brasileiros, e
também para cubanos que se casaram ou reconheceram união estável no
Brasil. Nestes casos, será ofertada a possibilidade de prorrogar os
contratos por mais três anos, informa o ministério.
NOVAS REGRAS
Além da substituição "progressiva" dos médicos cubanos, o Mais Médicos
também trará outra mudança: a possibilidade de que brasileiros formados
em medicina na Bolívia e no Paraguai se inscrevam para atuar no Brasil
por meio da iniciativa.
Até então, as regras anteriores do programa impediam a inscrição de
profissionais oriundos de países com menos de 1,8 médicos a cada mil
habitantes.
Agora, o governo reformulou portarias anteriores e alterou as regras
para que brasileiros formados nesses países também possam participar. A
inscrição, no entanto, continua vetada para demais estrangeiros destes
locais.
Apesar de abrir maior espaço a brasileiros, a mudança, que ocorre após
pressão de setores do Congresso, também pode abrir uma nova queda de
braço com entidades médicas, que temem que profissionais formados em
faculdades de menor qualidade no exterior passem a atuar no país.
O ministro Ricardo Barros nega que haja problemas com a nova medida. "Os
médicos formados no exterior que vem ao Brasil [para o Mais Médicos]
fazem um curso de adaptação ao modelo do sistema de atendimento na saúde
da família e são avaliados nesse período por nossa equipe. Estamos
confiando na formação dos médicos", disse.
'PROVISÓRIO'
Ainda segundo o ministro, a substituição dos médicos cubanos, apesar de
prevista, dependerá da vontade dos médicos brasileiros em ocupar as
vagas ofertadas. "Os médicos brasileiros têm prestado a prova e são
qualificados, mas na hora que são chamados, muitos não se apresentam
para ocupar os postos de trabalho", afirmou.
"Esperamos que os médicos formados nas novas faculdades que se
instalaram se apresentem para atuar", completa. Questionado sobre os
prazos do programa, Barros evitou dar estimativas. Segundo ele, o
contrato com a Opas prevê que médicos cubanos continuem por mais três
anos no país. Após esse período, o governo pode decidir por encaminhar
um novo pedido de renovação ao Congresso, informa.
Em julho, no entanto, o ministro afirmou à Folha que o Mais Médicos é provisório, já que, para ele, cabe aos municípios contratar os médicos, e não ao governo federal.
NATÁLIA CANCIAN
DE BRASÍLIA
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