A cada dia, ao menos 9 pessoas foram mortas por policiais no Brasil em 2015, o que totaliza 3.345 pessoas Foto: Arquivo EBC
A
cada 9 minutos, uma pessoa foi assassinada no Brasil em 2015, o que
equivale a cerca de 160 mortos por dia. No total, no ano passado, foram
mortos violentamente e intencionalmente 58.383 brasileiros. Uma retração
de 1,2% em relação ao ano de 2014, quando 59.086 brasileiros sofreram
mortes violentas intencionais (que abrangem os casos de homicídios
dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, mortes
causadas por confronto com as polícias e policiais mortos, tanto em
serviço, quanto fora dele).
Esse percentual de queda é, em muito, derivado da queda de 20,1% no
número de lesões corporais seguidas de morte. No total, foram mortos
violentamente e intencionalmente 28,6 pessoas a cada grupo de 100 mil
brasileiros em 2015. Os dados inéditos fazem parte do 10º Anuário
Brasileiro de Segurança Pública, que será lançado no dia 3 de novembro
pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Sergipe, com 57,3 mortes violentas intencionais a cada grupo de 100
mil pessoas, tornou-se o estado mais violento do Brasil, superando
Alagoas. Entre 2014 e 2015, a taxa de mortes violentas intencionais a
cada grupo de 100 mil pessoas subiu 18,2% em Sergipe. No ano anterior,
ela era de 48,5. No sentido oposto, a taxa caiu 20,8% em Alagoas, saindo
dos 64,1 mortos por grupo de 100 mil pessoas para 50,8, tornando-se o
estado com a maior redução de mortes violentas intencionais no período.
Mesmo com a retração, Alagoas é o estado brasileiro com a segunda maior
taxa de mortes violentas intencionais a cada grupo de 100 mil
habitantes. No total, em 2015, foram mortos 1.286 brasileiros em Sergipe
e 1.696 em Alagoas.
Rio Grande do Norte registrou a terceira maior taxa de mortes
violentas intencionais, 48,6 por grupo de 100 mil habitantes,
apresentando também o maior crescimento na taxa (39,1%).
Os estados que registraram as menores taxas de mortes violentas
intencionais foram São Paulo (11,7), Santa Catarina (14,3) e Roraima
(18,2). No total, em 2015, foram mortas 5.196 pessoas em São Paulo, 622
(10,7%) a menos do que no ano anterior.
Santa Catarina e Roraima, embora estejam entre as menores taxas de
mortes violentas intencionais, apresentaram crescimento de 4,5% e 15,9%,
respectivamente.
Excesso de força
A cada dia, ao menos 9 pessoas foram mortas por policiais no Brasil
em 2015, o que totaliza 3.345 pessoas. O número é 6,3% superior ao
registrado no ano anterior e demonstra um padrão de atuação que precisa
ser revisto urgentemente. São Paulo foi o estado com o maior número de
pessoas mortas em 2015: 848. As maiores taxas de letalidade policial
registradas no último ano foram nos estados de Amapá (5,0), Rio de
Janeiro (3,9) e Alagoas (2,9). Considerando-se os números absolutos, São
Paulo e Rio de Janeiro concentram sozinhos 1.493 mortes decorrentes de
intervenções policiais, ou 45% do total registrado no País.
O outro lado da moeda
O total de policiais vítimas de homicídios em serviço e fora dele
também é elevado no Brasil. Em 2015, foram mortos 393 policiais, 16 a
menos do que no ano anterior. Proporcionalmente, os policiais
brasileiros são 3 vezes mais assassinados fora do horário de trabalho do
que no serviço. Mas, em 2015 foram 103 mortos durante o expediente
(crescimento de 30,4% em relação a 2014) e 290 fora (queda de 12,1% em
relação a 2014), geralmente em situações de reações a roubo
(latrocínio).
O Rio de Janeiro, com 98 policiais mortos em 2015, foi o estado que
registrou maior vitimização de policiais, seguido por São Paulo, com 60
mortos.
Os estados onde a vitimização policial mais cresceu em números
absolutos, contudo, foram Maranhão, que teve 44 policiais mortos em 2015
ante 13 em 2014; e Pernambuco, que viu o número de policiais mortos
subir de 17, em 2014, para 27, em 2015. No outro sentido, o Estado de
São Paulo registrou a maior redução de mortes de policiais no período,
24 a menos do que em 2014.
Lei de Acesso à Informação
Os dados criminais e os referentes às mortes provocadas por
intervenção policial foram obtidos e compilados pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública a partir dos sites das Secretarias de Segurança
Pública ou Defesa Social de cada Unidade da Federação e complementados
por meio de pedidos feitos por intermédio da Lei de Acesso à Informação.
Sobre o FBSP
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública foi constituído em março de
2006 como uma organização não-governamental, apartidária, e sem fins
lucrativos, cujo objetivo é construir um ambiente de referência e
cooperação técnica na área de atividade policial e na gestão de
segurança pública em todo o País. O foco do FBSP é o aprimoramento
técnico da atividade policial e da gestão de segurança pública. Por
isso, avalia o planejamento e as políticas para o setor; a gestão da
informação; os sistemas de comunicação e tecnologia; as práticas e
procedimentos de ação; as políticas locais de prevenção; e os meios de
controle interno e externo, dentre outras; sempre adotando como
princípio o respeito à democracia, à legalidade e aos direitos humanos. O
FBSP faz uma aposta radical na transparência enquanto ferramentas de
prestação de contas e de modernização da segurança pública.
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