Ministro expõe pressão de Geddel por obra em área tombada
Calero
revelou que Geddel queria parecer técnico para favorecer seus
interesses pessoais (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom e Valter
Campanato/ABr)
Ao
justificar sua saída da pasta da Cultura do governo de Michel Temer, o
ministro demissionário Marcelo Calero acusou o ministro da Secretaria de
Governo Geddel Vieira Lima de assediá-lo moralmente para que produzisse
parecer técnico para favorecer seus interesses pessoais junto ao setor
imobiliário da capital de seu reduto político, na Bahia.
Segundo Calero foram mais de cinco investidas do articulador político
do governo Michel Temer, por telefone e pessoalmente, para tentar
convencê-lo de atuar junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) para aprovar o projeto do empreendimento
imobiliário La Vue Ladeira da Barra, que prevê o erguimento de cerca de
30 andares nos arredores de uma área tombada em Salvador.
Em entrevista à Folha, Calero denunciou que Geddel teria dito em pelo
menos duas dessas conversas que possuía um apartamento no
empreendimento que dependia de autorização do órgão subordinado à pasta
da Cultura. A autorização havia sido concedida pelo Iphan da Bahia,
comandado por indicação de Geddel, depois foi vetada pelo Iphan
Nacional, presidido por Kátia Bógea, que adequou o projeto para 13
andares.
"[Geddel] me repetiu no dia 31: 'Já me disseram que o Iphan vai
determinar a diminuição dos andares. E eu, que comprei um andar alto,
como é que eu fico?'. No evento da Ordem do Mérito Cultural, ele disse:
'E as famílias que compraram aqueles imóveis? Eu comprei com a maior
dificuldade com a minha mulher'. Entendi que tinha contrariado de
maneira muito contundente um interesse máximo de um dos homens fortes do
governo”, afirmou, ao justificar o pedido de demissão, cujo
destinatário, Michel Temer, teria pedido para que fosse reconsiderado.
Calero será substituído pelo o deputado paulista Roberto Freire, presidente nacional do PPS.
O Diário do Poder procurou a assessoria de imprensa de Geddel e aguarda a manifestação do ministro.
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