A
ex-presidente Dilma Rousseff também é personagem frequente nos
depoimentos sob acordo de delação premiada de Marcelo Odebrecht, onde é
citada ao menos 18 vezes, inclusive como intermediária de recursos
desviados da Petrobras. A informação é de reportagem da revista IstoÉ
que vai circular neste fim de semana. Leia a íntegra:
Já afastada do poder por irregularidades na condução da economia e
suspeita de tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato, a
ex-presidente Dilma Rousseff vai ser envolvida diretamente em
negociações ilícitas na delação dos executivos da Odebrecht. Fontes com
acesso às investigações afirmam que ela foi citada como intermediária
direta de dinheiro oriundo de caixa 2 em ao menos 18 vezes, por vários
diretores da companhia. Os depoimentos mais comprometedores seriam do
próprio Marcelo Odebrecht.
Marcelo detalhou três encontros pessoais com Dilma, todos no Palácio
da Alvorada e sem registro na agenda oficial. Um deles teria sido logo
depois da sua posse, em 2011. Outros dois, em 2014, ano da campanha à
reeleição. É justamente em uma dessas ocasiões que Marcelo fala de forma
mais comprometedora sobre a ex-presidente. O empreiteiro conta que ela
negociou pessoalmente pagamentos via caixa dois para a campanha.
A
Lava Jato já investiga a suspeita de que recursos de caixa dois da
Odebrecht abasteceram a campanha presidencial petista em 2014 depois de
encontrar uma planilha da empresa que indicaria repasses ao marqueteiro
João Santana entre 24 de outubro e 7 de novembro de 2014 no valor de R$ 4
milhões. Santana foi o responsável pela propaganda da campanha petista
naquele ano e também negocia um acordo de colaboração premiada.
Marcelo contou que, em um dos encontros, pediu a intervenção de Dilma
na liberação de repasses do BNDES para a construção do porto de Mariel,
em Cuba, feito pela Odebrecht com financiamento de mais de US$ 600
milhões do banco de fomento brasileiro. Dilma teria lhe prometido
resolver o assunto em 24 horas. O porto já é alvo de investigações, como
da Procuradoria do Distrito Federal, sob a suspeita de que Lula teria
também atuado por meio de tráfico de influência junto ao BNDES para
liberar os recursos.
Além desse caso, Dilma já é investigada no Supremo Tribunal Federal
sob suspeita de tentar obstruir a Lava Jato por meio da nomeação do
ministro do Superior Tribunal de Justiça Marcelo Navarro. O caso tem
como base a delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral
(ex-PT-MS), que afirmou que o real motivo pela indicação de Navarro era
um compromisso em soltar os presos da Lava Jato, principalmente os
empreiteiros.
Por último, há ainda um caso na Procuradoria do DF que investiga se
Dilma cometeu ato de improbidade administrativa nas pedaladas fiscais.
Enquanto responde a essas acusações, Dilma tenta retomar sua vida
longe da Presidência, com a ajuda dos correligionários petistas, os
únicos que têm coragem de lhe dar emprego atualmente. Na última semana, o
partido aprovou sua indicação para a presidência do conselho da
Fundação Perseu Abramo, ligada à sigla. O convite partiu do atual
presidente do PT, Rui Falcão, que procurava algum cargo para amparar a
correligionária. Nesse, pelo menos, ela não deve interferir nas finanças
e há pouca margem para a Fundação Perseu Abramo partir também para as
pedaladas fiscais.
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