Bruno Poletti Folhapress | ||
Neguinho da Beija Flor, um dos sambistas que irá se cerimônia da Ordem do Mérito Cultural |
Em meio à crise econômica e ao esforço para aprovar no Congresso um teto
para limitar os gastos públicos, o governo Michel Temer desembolsou,
sem licitação, mais de R$ 500 mil para promover um show para convidados
em homenagem ao centenário do samba. O evento acontece na noite desta
segunda-feira (7) no Palácio do Planalto.
No Diário Oficial da União desta segunda, foram publicadas duas
dispensas de licitação para contratação de artistas que se apresentarão
na cerimônia da Ordem do Mérito Cultural, na qual serão premiados 36
personalidades do samba.
O evento, que terá as presenças do presidente Michel Temer e da
primeira-dama Marcela Temer, será fechado para cerca de 600 convidados e
terá apresentações de Neguinho da Beija Flor, Márcio Gomes, Áurea
Martins e André Lara. A cantora Fafá de Belém foi contratada para cantar
o Hino Nacional.
O Ministério da Cultura contratou por R$ 596.800 a empresa Treco
Produções Artística Ltda, "representante exclusiva de artistas
consagrados pela crítica especializada e/ou opinião pública". Segundo o
ministério, a produtora prestará serviços de roteiro, direção, produção e
promoverá apresentações musicais. No Diário Oficial não aparecem os
nomes dos artistas contratados neste processo.
Já em um outro contrato, publicado na mesma edição do Diário Oficial, o
governo informa o pagamento de R$ 15 mil para Fafá de Belém, que será
responsável pela interpretação do Hino Nacional no início da cerimônia.
A pasta dá a mesma justificativa para as duas dispensas de licitação:
"Contratação de artistas consagrados pela crítica especializada e/ou
opinião pública".
O evento ocorre no momento em que parte da classe artística tem feito protestos contra o governo de Temer. Segundo a Folha apurou, há receio de auxiliares do presidente de que, durante a cerimônia, ocorram manifestações.
No ano passado, no governo de Dilma Rousseff, o Ministério da Cultura
gastou R$ 1,1 milhão entre passagens e cachê para o mesmo evento, que
teve show de Caetano Veloso. À época, a cerimônia serviu de palanque
para a defesa do mandato da petista, que deixou o cargo neste ano, alvo
de um processo de impeachment.
Procurado pela Folha, o Palácio do Planalto afirmou que o valor
desembolsado é um "justo e possível" para um evento do porte da
cerimônia de premiação.
Segundo ele, o investimento faz parte da política governamental de valorização da cultura brasileira.
DANIEL CARVALHOGUSTAVO URIBE
DE BRASÍLIA
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