Propostas
que estabelecem o fim do foro privilegiado para autoridades devem
permanecer engavetadas no Congresso Nacional (foto: EBC)
Sem apoio do Palácio do Planalto, as propostas que estabelecem o
fim do foro privilegiado para autoridades devem permanecer engavetadas
no Congresso Nacional. O tema tem sido evitado pela cúpula governo e
pelas principais lideranças da base aliada na Câmara e no Senado.
Em entrevista, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela condução
da Operação Lava Jato na primeira instância, sugeriu que o foro fosse
restrito apenas aos presidentes dos três Poderes. No entendimento do
juiz, o Supremo tem um número limitado de magistrados para apreciar
casos criminais e que um dos caminhos seria retirar o “privilégio” de
“um bom número de autoridades”.
Atualmente, tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), de
cada uma das Casas, proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê o
fim do foro especial para todas as autoridades, incluindo o presidente
da República, ministros do Supremo e congressistas.
No caso da Câmara, a discussão da proposta, mesmo se aprovada na CCJ,
deverá se arrastar pelo próximo ano, uma vez que ainda precisa passar
por debate em uma comissão especial, antes de ir para votação do
plenário. “Existe uma demanda da sociedade para que esse tema seja
apreciado e acho que o Congresso não pode se fazer de cego e surdo para
isso”, afirmou o relator do projeto, o deputado Efraim Filho (DEM-PB).
Na tarde desta terça-feira, 8, o presidente da CCJ, deputado Osmar
Serraglio (PMDB-PR), se reúne com coordenadores das bancadas dos
partidos para tentar definir as prioridades do colegiado neste fim do
ano.
A depender do governo, a PEC do fim do foro privilegiado continuará em segundo plano.
“O governo não entrou nessa discussão. Não recebi nenhuma orientação
do ministro Geddel (Secretaria de Governo), do ministro Eliseu Padilha
ou do presidente Temer. Por enquanto, vamos ficar à distância”, afirmou o
líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE).
O distanciamento do Planalto em relação à proposta também se estende
ao Senado. “Não conversei com o presidente Temer sobre isso”, afirmou o
líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP).
‘Futuro’
Questionado sobre uma possível data para se votar a proposta que
estabelece o fim do foro, o presidente da CCJ do Senado, José Maranhão
(PMDB-PB), respondeu: “O futuro a Deus pertence”. Apesar da falta de uma
previsão, o relator da matéria, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP),
pretende ler seu parecer durante a sessão desta quarta-feira, 9. “Para
ler, só preciso de dois senadores presentes. Vou ficar até o último
minuto para apresentar meu relatório”, afirmou Rodrigues, que diz ter o
apoio de oito dos 26 integrantes do colegiado.
Para ele, a falta de empenho do governo em torno da proposta é sinal
de “temor”. “O governo teme esse projeto porque se aprovado rapidamente,
na iminência de delações da Lava Jato, boa parte da Esplanada vai parar
nas mãos do Moro”. (AE)
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