Temer mantém acusado de pressionar por liberação de obra
O
porta-voz de Michel Temer, Alexandre Parola, afirma que ministro será
mantido na Secretaria de Governo e acrescenta que denúncias serão
'tratadas por critérios técnicos' (Foto: Beto Barata/PR)
O presidente Michel Temer afirmou na tarde desta segunda-feira,
21, por meio de seu porta-voz Alexandre Parola, que o ministro da
Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, permanecerá no cargo, após
denúncias do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de que Geddel o teria
pressionado para liberar a construção de um edifício em Salvador,
empreendimento em que o ministro baiano tem uma unidade. “Em primeiro
lugar, o Ministro Geddel Vieira Lima continua à frente da
Secretária-Geral da Presidência”, disse o porta-voz, confundindo o cargo
de Geddel.
“O Presidente Michel Temer ressalta, adicionalmente, que todas as
decisões sob responsabilidade do Ministério da Cultura são e serão
encaminhadas e tratadas estritamente por critérios técnicos, respeitados
todos os marcos legais e preservada a autonomia decisória dos órgãos
que o integram, tal como ocorreu no episódio de Salvador”, concluiu o
porta-voz.
O comunicado foi divulgado momentos após Geddel se reunir com
Temer. “A conversa foi tranquila”, afirmou Geddel. Questionado se Temer
havia dado apoio, o ministro respondeu rapidamente: “Claro, Claro.”
Confiança. Atacado pela oposição, Geddel passou todo o dia
demonstrando aos interlocutores confiança de que nada abalaria seu
cargo. “O único desconforto seria se Michel chamasse para dizer que não
gostou (do episódio). O que ele não fez”, disse um aliado.
Interlocutores do ministro reconhecem que a oposição está
aproveitando para fustigar o ministro de Temer. Por isso, a base aliada
no Congresso sabe que os opositores usarão a tribuna da Câmara e do
Senado para atacá-lo e já está preparada para defendê-lo. “A pressão é
forte da oposição, que tem de espernear e bater bumbo. Nós também temos
base (para defendê-lo)”, comentou um parlamentar.
Geddel disse aos aliados que comprou o empreendimento na Bahia “todo
licenciado” e que se surpreendeu com a decisão de Marcelo Calero de
deixar a Esplanada dos Ministérios. Os interlocutores lembram que Calero
pediu a interferência de Geddel para barrar a CPI da Lei Rouanet na
Câmara, mas que o ministro da Secretária do Governo não saiu falando em
“ingerência” do colega de ministério.
Na avaliação dos aliados de Geddel, Calero – que é ligado à bancada
do Rio - deixou o Ministério da Cultura tentando ofuscar o escândalo da
prisão do ex-governador Sérgio Cabral. Eles afirmam que o ex-ministro
pretende capitalizar o episódio se lançando candidato a deputado federal
em 2018.
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