Nome do ministro foi citado 'sem base qualquer' em investigação sobre Bumlai. Magistrado cobrou cautela da PF

Juíz Sérgio Moro comparece à uma reunião das
"dez medidas contra a corrupcão", em Curitiba, Paraná (Rodolfo Buhrer/Reuters)
O juiz federal Sergio Moro mandou a Polícia Federal
retirar o nome do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias
Toffoli do Relatório 744/2016, que contém a análise de material
apreendido com o economista Maurício Bumlai, filho do pecuarista José
Carlos Bumlai, preso e condenado na Operação Lava Jato.
Entre as anotações de Maurício, os federais encontraram contatos
telefônicos de quadros importantes do PT e o nome de Toffoli. No
relatório, o agente da PF Antonio Chaves Garcia escreveu que “a família
Bumlai, em razão dos contatos encontrados, detinha uma influência
política muito grande durante o período em que o Partido dos
Trabalhadores (PT) estava no poder” e, ainda, que “a influência não era
somente em agentes políticos da Administração Pública, mas também na
Suprema Corte, na pessoa do ministro Tofffoli”.
O
documento, enviado na sexta-feira ao delegado Filipe Hille Pace – que
preside investigação sobre Bumlai – faz uma ressalva: “A simples menção a
nomes e/ou fatos contidos nesse relatório, por si só, não significa o
envolvimento, direto ou indireto, dos citados em eventuais delitos
objeto da investigação em curso”.
Nesta segunda-feira, Moro ordenou a exclusão do nome de Toffoli do
relatório. O juiz da Lava Jato demonstrou irritação com a menção ao
ministro do Supremo “sem base qualquer”.
“Apesar da ressalva, o fato é que a conclusão anterior não tem base
empírica e é temerária. O fato de algum investigado possuir, em sua
agenda, números de telefone de autoridades públicas não significa que
ele tem qualquer influência sobre essas autoridades”, advertiu Moro.
“Assim, o relatório, sem base qualquer, contém afirmação leviana e que,
por evidente, deve ser evitada em análises policiais que devem se
resumir aos fatos constatados.”
Moro mandou intimar “com urgência, por telefone”, o delegado Filipe
Pace “para, em três dias, refazer o referido relatório, retirando dele
conclusões que não tenham base fática e esclarecendo o ocorrido”. Moro
determinou ao delegado que tome “as devidas cautelas para evitar a
repetição do ato”.
Logo após a ordem de Moro, o delegado federal anexou aos autos da
investigação a informação de que será solicitado ao Núcleo de Análise do
Grupo de Trabalho-Lava Jato “a confecção de novo documento
investigativo para o fim de que seja retirado o trecho manifestamente
inserido por ocasião de erro material, haja vista que do corpo do
relatório é faticamente e probatoriamente impossível se atribuir suposta
influência de José Carlos Bumlai sobre Sua Excelência o ministro do
Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli”.
(Com Estadão Conteúdo)
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