No ano de 2015, a faixa etária mais acometida pela meningite meningocócica foi a de 20 a 34 anos
Apesar da redução de 18% dos números de casos de meningite no Ceará,
houve um aumento de 50% dos óbitos em decorrência desta infecção.
Segundo o último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado
(Sesa), referente à semana 40 de 2016, foram confirmados 177 casos de
meningites e 24 mortes. Em 2015, no mesmo período, houve 216 casos e 16
óbitos. Dessa forma, a taxa de letalidade, que no ano passado foi de
7,4%, passou para 13,6%.
Para o infectologista Robério Bessa, é preciso prudência ao analisar os
dados. Ele acredita que a diminuição dos casos impactou no aumento da
letalidade. No entanto, ele reconhece que o retardo no diagnóstico
contribui. "Essa é uma realidade não só no Estado, como em todo o
Brasil. É importante rapidez no diagnóstico. Tanto que o protocolo
permite que, com suspeita clínica e sem exames, o médico pode iniciar o
tratamento como meningite bacteriana e, ao confirmar, encaminhar o
paciente para hospitais especializados", explica o infectologista.
A supervisora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Sesa, Sheila
Santiago, afirma que os coeficientes de incidência têm se mantido
estáveis nos últimos anos no Brasil, com aproximadamente 1,5 a 2,0 casos
para cada 100.000 habitantes. A letalidade da doença situa-se em torno
de 20% nos últimos anos. Na forma mais grave, a meningococcemia, a
letalidade chega a 50%.
No ano de 2015, a faixa etária mais acometida pela meningite
meningocócica foi a de 20 a 34 anos, no entanto, o incremento de
incidência e letalidade se encontra na faixa etária de 15 a 19 anos. Já
em 2016, a maior incidência permanece em menores de 1 ano e a maior
letalidade na faixa etária de 20 a 34 anos. "A explicação é que as
crianças são protegidas pela vacina, que é tomada até os 2 anos de
idade. Por isso, o adolescente e o adulto são mais propícios. No
entanto, se o bebê não estiver imunizado, o risco de óbito é maior
porque o sistema imunológico dele é mais vulnerável", alerta.
Sheila Santiago reforça que fatores de risco tornam pessoas mais
suscetíveis, como infecções respiratórias recentes, aglomeração no
domicílio, residir em quartéis ou alojamento estudantis, tabagismo
(passivo ou ativo), condições socioeconômicas menos privilegiadas e
contato íntimo e prolongado com pessoas que portam a bactéria.
Incidência
"As meningites acometem indivíduos de todas as faixas etárias,
entretanto, o grupo etário de maior risco são as crianças menores de 5
anos, principalmente as menores de 1 ano, possivelmente por conta das
suas condições imunitárias. Já a maior letalidade nas faixas etárias de
20 a 34 anos pode se explicar por conta da demora em buscar um
atendimento médico, realizando automedicação por achar ser apenas uma
gripe", ressalta. Já o Ministério da Saúde fez uma alteração no
calendário de vacinação e passará a ofertar, a partir do próximo ano, a
imunização da meningite C também para os adolescentes. A mudança tem o
objetivo de proteger mais de 7 milhões de adolescentes, uma vez que o
efeito da dose vai enfraquecendo ao longo do tempo.
A dona de casa Carol Ferreira conta que o sobrinho Marcos Vinicius
Ferreira Diniz, 2, foi acometido, em fevereiro, pela meningite
bacteriana. Desde então, a família empreende uma luta pela vida do
pequeno, que perdeu a visão, não retornou para casa, em Caucaia. Ele
precisa, inclusive, de aparelhos para respirar. A infecção atingiu
gravemente o cérebro e, com sequelas de pneumonia e trombose venosa,
teve até que amputar a perna.
A Sesa diz que a cobertura até outubro é de 100% e que a prevenção fica
disponíveis no calendário: as doses BCG (meningite tuberculosa), Hib
(componente pentavalente contra a meningite), Pneumocócica 10-valente
(contra pneumocócica), Meningocócica C conjugada (contra meningite).
Por
Karine Zaranza - Repórter
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