Objetivo
da construtora é buscar a leniência, com pagamento de multas
bilionárias também no exterior, na tentativa de garantir a sobrevida dos
negócios (Foto: EBC)
Prestes
a assinar o termo da colaboração com a Operação Lava Jato no Brasil, a
Odebrecht negocia também um acordo de leniência com os Estados Unidos e a
Suíça. As investigações apontam para a suspeita de pagamento de
propinas a funcionários públicos e políticos para financiar campanhas
eleitorais em uma dezena de países. As tratativas envolvem autoridades
brasileiras, americanas e suíças e devem resultar no maior acordo de
leniência da história.
Já estariam sob investigação suspeitas de pagamentos ilícitos em
troca de contratos para a execução de obras em El Salvador, Panamá,
Venezuela, Equador e Peru, além das denúncias em apuração no Brasil. Na
Suíça, o crime seria o de lavagem de dinheiro cometido com a
movimentação de milhões de dólares por meio de quatro empresas de
fachada.
Fontes próximas ao caso em Genebra indicam que o valor total das
multas está estimado entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões. No entanto, o
montante pode oscilar em razão dos acordos que serão estabelecidos e,
principalmente, a depender do que ainda pode ser descoberto. O objetivo
da construtora, ao lado da delação de 53 executivos no Brasil, é buscar a
leniência, com pagamento de multas bilionárias também no exterior, na
tentativa de garantir a sobrevida dos negócios.
Até hoje, o maior valor de um acordo de leniência foi assinado entre a
Siemens e governos dos Estados Unidos e da Europa. No total, a empresa
alemã desembolsou US$ 1,6 bilhão. A francesa Alstom pagou US$ 770
milhões em outro acordo, também envolvendo corrupção em países
emergentes. Na Lava Jato, a holandesa SBM Offshore já arcou com uma
multa de US$ 340 milhões.
As autoridades suíças não estão interessadas na prisão de executivos
da Odebrecht - o objetivo de Berna é estipular eventuais multas. O
Departamento de Justiça dos Estados Unidos, além de reter uma parcela
maior dos valores do que a destinada ao país europeu, pede que todos os
nomes de cidadãos americanos envolvidos no esquema sejam entregues.
Na cooperação entre os investigadores dos três países, cabe aos
brasileiros da Lava Jato a missão de determinar quem será denunciado e,
se condenado, preso. Metade de todo o valor arrecadado no acordo de
leniência deverá ficar com o Brasil.
Cooperação
Em suas investigações, os suíços já pediram a cooperação do Panamá, Liechtenstein e outras jurisdições diante da descoberta de transações financeiras internacionais. Berna admite suspeitas de que campanhas políticas na América Central foram financiadas com recursos ilícitos que passaram por contas secretas em Genebra e Zurique. "O mapeamento das atividades da Odebrecht pelo mundo já está praticamente encerrado", disse um advogado em Genebra que acompanha o caso.
Em suas investigações, os suíços já pediram a cooperação do Panamá, Liechtenstein e outras jurisdições diante da descoberta de transações financeiras internacionais. Berna admite suspeitas de que campanhas políticas na América Central foram financiadas com recursos ilícitos que passaram por contas secretas em Genebra e Zurique. "O mapeamento das atividades da Odebrecht pelo mundo já está praticamente encerrado", disse um advogado em Genebra que acompanha o caso.
Outra dimensão das delações e das contas secretas na Suíça aponta
para atividades na África, um território no qual a Odebrecht avançou
significativamente nos últimos 20 anos. O Estadão apurou que um dos
principais centros de atividade seria Angola, com o suposto pagamento de
propinas.
Denúncias
A dimensão inédita do acordo foi atingida depois que, por meio de delações premiadas de dezenas de executivos, ficou evidente que existia um esquema de pagamento de propinas e essa prática ia além das fronteiras do Brasil.
A dimensão inédita do acordo foi atingida depois que, por meio de delações premiadas de dezenas de executivos, ficou evidente que existia um esquema de pagamento de propinas e essa prática ia além das fronteiras do Brasil.
Os detalhes da supostas infrações já foram debatidos entre
procuradores brasileiros e autoridades suíças, que passaram a cooperar
em uma nova fase de delações.
O Estadão informou com exclusividade como uma equipe do Ministério
Público suíço viajou ao Brasil para coordenar com os procuradores
brasileiros o que ocorreria com as novas delações e a forma de trabalho
entre Berna e Curitiba. O encontro se concentrou no dossiê da Odebrecht e
na negociação.
Cerca de 2 mil páginas com extratos bancários serão enviadas ao
Brasil até o fim deste ano. No entanto, por temer serem considerados
cúmplices, bancos suíços têm acelerado o processo de identificação de
novas contas. No total, dezenas de políticos e ex-altos funcionários de
diversos governos no Brasil estariam implicados. (AE)
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