TODOS CALÇAM 40: Maioria defende incluir juízes

Deputados são a favor de que magistrados também respondam por crimes de responsabilidade

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Inclusão. O relator do pacote anticorrupção, Onyx Lorenzoni, incluiu juízes e promotores na lei de responsabilidade, mas, depois, recuou



BRASÍLIA. A maioria dos deputados da comissão especial da Câmara que discute o pacote de medidas anticorrupção é favorável à inclusão de juízes, desembargadores e integrantes do Ministério Público no rol de autoridades que podem responder por crime de responsabilidade, mas é contra a anistia explícita à prática de caixa 2.

Levantamento feito pelo jornal “O Estado de S. Paulo” mostra que, dos 30 parlamentares que compõem a comissão, 18 apoiam a punição de magistrados, promotores e procuradores por crime de responsabilidade. Outros sete integrantes são contra a medida, dois afirmaram ainda não ter uma posição formada, e dois não responderam. 

Atualmente, a lei que trata do assunto, de 1950, estabelece que só estão sujeitos ao crime o presidente da República e o vice, ministros de Estado e do Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador geral da República, governadores e secretários estaduais. Pela legislação atual, a autoridade que vier a ser punida por esse crime perderá o cargo.
 
Os dois temas têm causado impasse no colegiado e fizeram com que a votação do parecer elaborado pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), marcada para a semana passada, fosse adiada. Na última quinta-feira, o relator negou que iria incluir em seu relatório o perdão aos políticos que fizeram uma contabilidade paralela nas eleições, mas admitiu que está discutindo a questão sobre crime de responsabilidade com parlamentares e integrantes do Ministério Público para encontrar uma alternativa.
Recuo. A inclusão dessas autoridades na lei de responsabilidade não constava do pacote anticorrupção original enviado pelo Ministério Público Federal ao Congresso Nacional, mas foi, posteriormente, incluída por Lorenzoni em seu parecer. 

Segundo a proposta, magistrados que se pronunciarem fora dos autos sobre qualquer processo, por exemplo, poderiam ser enquadrados. Após conversar com integrantes da força-tarefa da operação Lava Jato de Curitiba, porém, o relator desistiu da medida, o que irritou deputados. 

Caso não consigam incluir a proposta no pacote, líderes da Câmara já articulam um plano B para que a previsão de crime de responsabilidade entre no projeto de Lei do Abuso de Autoridade que tramita no Senado. 

Caixa 2
Anistia. Apesar de somente um deputado admitir ser a favor da anistia ao caixa 2, líderes partidários articulam a possibilidade de apresentar um voto em separado na comissão sobre o assunto.
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