Esta é uma das perguntas mais comuns ao ver aquelas imagens todas
dos astronautas na Lua, ou mesmo ao observar fotos e vídeos divulgados
pelas agências espaciais do mundo: por que as estrelas de fundo nunca
aparecem nessas imagens?
As teorias da conspiração que giram ao redor disso, claro, não fazem o
menor sentido. Mas a dúvida é legítima. Por que as estrelas não
aparecem? Vamos agora entender essa história, que já é velha conhecida
de quem manja de fotografia.
Todos os dispositivos para registro visual, desde os olhos até as
câmeras digitais modernas, são basicamente bacias de luz. Ali você vai
recolher as partículas de luz que incidem sobre uma superfície — seja
ela um sensor digital ou as células da sua retina — e transformá-las
numa imagem.
Dependendo do brilho, cada objeto emite uma certa quantidade de
partículas de luz. Objetos mais brilhantes emitem mais, objetos menos
brilhantes emitem menos. E o que vai determinar quanta luz vai incidir
sobre sua superfície sensora e gerar a imagem é o tempo de exposição.
Até aí, tudo bem. Se você quer fotografar objetos pouco brilhantes,
basta aumentar o tempo de exposição, para que o número de partículas de
luz dos objetos seja suficiente para produzir uma boa imagem. Se você
quer fotografar objetos muito brilhantes, diminui o tempo de exposição,
para entrar só uma quantidade adequada de partículas de luz, e o objeto
ficar bem delineado.
O problema é quando você tem, no mesmo quadro, objetos muito
brilhantes e pouco brilhantes. Nessas horas, você vai ter de escolher
qual é a sua prioridade: fotografar bem o objeto mais brilhante e
desprezar os demais, ou fotografar os objetos menos brilhantes e saturar
de luz a imagem dos que já são mais brilhantes.
É o caso das imagens espaciais de corpos planetários — seja
astronautas vestidos de branco caminhando sobre a brilhante superfície
da Lua ou uma imagem de Marte à distância. A regulagem do tempo de
exposição foca em registrar com nitidez os objetos mais brilhantes. E os
menos brilhantes da cena — as estrelas — não aparecem.
Legal. Mas você tem todo direito de desconfiar do que o Mensageiro Sideral
está dizendo. Será que eu não faço parte de uma conspiração Iluminati
para esconder que a Terra é plana e a humanidade nunca foi à Lua? Bem,
você não precisa tomar a minha palavra como verdade. Dê uma olhada no
vídeo acima, que demonstra na prática, com uma câmera normal de tablet
ou celular, sem frufrus, como isso funciona — e faça seu próprio teste!
Mais uma dica: esse papo todo de exposição não foi uma coisa que a
Nasa inventou. Não é coisa de agência espacial, nem de conspiração
Iluminati. É princípio básico de fotografia, que vale para qualquer
lugar, não só no espaço. Se tem captura de imagens, essas regras de
exposição estão valendo. Valem até para os seus olhos — eles trabalham
pelo mesmíssimo princípio, com a diferença de que regulam a área de
exposição, em vez do tempo.
Se você estiver num ambiente iluminado e sair para observar o céu
noturno, verá, de início, poucas estrelas. Isso porque suas pupilas
estavam mais fechadas, adaptadas ao ambiente claro. Com menos luz, elas
vão se abrindo, o nível de exposição da retina aumenta e você passa a
enxergar mais estrelas. E, se, com a pupila bem dilatada, você entrar de
novo num ambiente iluminado, todo mundo conhece a sensação de
desconforto nos olhos — tem luz demais entrando na retina! A pupila
precisa se contrair para regular novamente nossa “câmera natural”.
P.S.: Neste domingo (6), o Mensageiro Sideral ajuda a compor a bancada do “Canal Livre” para entrevistar o físico Marcelo Gleiser. A partir de meia-noite, na Band.
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