Réu na Lava Jato, Paulo Ferreira disse que o caixa-dois é "um problema da cultura política nacional"

Ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira depõe a Sergio Moro (Reprodução)
O ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, preso preventivamente pela Operação Lava Jato,
assumiu nesta quarta-feira diante do juiz federal Sergio Moro que o
partido e sua campanha a deputado federal em 2010 receberam doações
“informais”, ou seja, via caixa dois. Ferreira depôs a Moro na ação
penal derivada da 31ª fase da Lava Jato, batizada de Abismo,
em que é réu por supostamente ter recebido propina no contrato para a
construção do novo Centro de Pesquisa Petrobras (Cenpes), no Rio de
Janeiro.
“É um problema da cultura política nacional, doutor Moro.
Não estou aqui para mentir para ninguém. Estou aqui para ajustar alguma
divida que eu tenha. Negar informalidades nos processos eleitorais
brasileiros, de todos os partidos, é negar o óbvio”, disse Ferreira ao
magistrado.
De acordo com o Ministério Público Federal, o advogado e
ex-vereador petista Alexandre Romano, o Chambinho, fechou contratos de
advocacia superfaturados com empreiteiras do consórcio do novo Cenpes,
alguns deles fictícios, e repassou os valores a Paulo Ferreira.
Em sua delação premiada, Chambinho reconhece que o dinheiro
destinado ao petista era oriundo dos contratos celebrados pelas empresas
Construbase, Schahin e Ferreira Guedes com a Petrobras. Entre os
recebedores de propinas destinadas ao ex-tesoureiro do PT, o delator
enumera a madrinha de bateria e o cantor da escola de samba Estado Maior
da Restinga, de Porto Alegre, apadrinhada por Paulo Ferreira, e os dois
filhos dele, Ana Paula e Jonas.
A Moro, no entanto, Ferreira disse que o advogado atuou como
“captador de recursos” de sua campanha e que os pagamentos foram meros
casos de caixa-dois.
“No Brasil, o exercício da política, tomara que mude, foi
sempre financiado [informalmente], o senhor está vendo isso nas
apurações, e financiado por grandes volumes de dinheiro, que ou foram
para campanhas ou foram para beneficio pessoal das pessoas. Estou
reconhecendo aqui que foram pagamentos ilícitos para fim de campanha
eleitoral”, afirmou Paulo Ferreira.
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