Bebida não tem adição de
açúcar ou corantes; novos procedimentos ajudam a manter o sabor
Foto: Reprodução
Que tal uma cervejinha depois da academia ou na hora do
almoço durante a semana? Acha estranho? A versão sem álcool da bebida
tem sido bastante defendida por mestres cervejeiros e já é bem comum lá
na Europa.
O ‘preconceito’ contra a cerveja sem álcool é consequência
principalmente do processo antigo - a fermentação interrompida - explica
Kathia Zanatta, mestre cervejeira do Somos Todos Cervejeiros.
“De uns anos pra cá, o processo de destilação a vácuo mantém o
gosto mais parecido com o da cerveja original”, afirma. Ela diz, ainda,
que o novo procedimento garante que a bebida tenha 0% de álcool,
diferente do antigo, que em alguns casos mantinha o teor alcoólico em
até 0,5%.
Benefícios. Além de ser livre das
consequências ruins do álcool, esse tipo de cerveja não tem nenhuma
substância que deva ser evitada, como o açúcar e os corantes presentes
nos refrigerantes e sucos industrializados, afirma a nutricionista
Alessandra Luglio. “Precisamos entender a cerveja sem álcool como uma
bebida muito simples e fermentada, que não leva ativos industriais e tem
baixo teor calórico”, explica.
Sem o álcool, a cerveja acaba se transformando em um
isotônico, já que tem sódio e potássio em sua composição. “É uma bebida
milenar a base da fermentação de grãos. Ela tem minerais e vitaminas do
complexo B, além do lúpulo, que tem propriedades antioxidantes”, afirma a
nutricionista.
Portanto, o refrigerante ou o suco da hora do almoço podem ser
substituídos sem problemas pela cerveja sem álcool. Na verdade, a troca
é inclusive benéfica, segundo Alessandra.
Opções. O problema é que nem todo lugar vende
o produto aqui no Brasil. Na verdade, a opção ainda é bem rara. Kathia
sugere que os consumidores demonstrem interesse pela bebida para que a
oferta aumente.
“Os tipos oferecidos também são um pouco restritos”, afirma a
mestre cervejeira. “O que mais temos é pilsen e cerveja de trigo. Em
algumas discussões entre cervejeiros nos perguntamos por que não fazer
outras. Talvez porque o consumidor ainda não esteja demandando tanto.”
Como apreciar. Para aproveitar melhor a bebida, o sommelier de
cervejas e chef de cozinha do curitibano Simples Assim, Guilherme De
Rosso, explica que o procedimento é o mesmo da cerveja com álcool. O que
pode mudar é o aroma, por causa do processo de fermentação.
Ele afirma que cada cerveja tem uma temperatura mais indicada
para o consumo. “Uma Stout, por exemplo, pede uma temperatura média de
12°C, já uma pilsen varia entre 4°C e 6°C”.
O copo deve estar bem limpo, claro, e, segundo Guilherme, faz
diferença sim no sabor da bebida. Ele interfere na formação da espuma e
na captação dos aromas. Mas não adianta nada deixar a cerveja na
temperatura ideal e servir no copo certo se o seu paladar não estiver
preparado. Mascar chicletes, beber café ou fumar podem interferir no
sabor da bebida.
Luiza Pollo - O Estado de S.Paulo
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