A doença inspira cuidados porque toda a população está suscetível, já que nunca foi exposta ao vírus
A capacidade vetorial do mosquito Aedes aegypti para febre chikungunya,
ou seja, a possibilidade de os infectados desenvolverem sintomas
clínicos após a infecção, é maior do que a da dengue. Em Fortaleza, o
dado é explicado pela razão entre notificações e confirmações. Em 2016,
dos 41.590 casos de dengue notificados à Secretaria Municipal de Saúde
(SMS), até 9 de dezembro, 20.334 (48,9%) evoluíram para confirmações.
Para a chikungunya, o indicador é bem maior: 83,6% das 20.244
notificações foram confirmadas, com 16.921 pessoas infectadas.
Segundo Nélio Morais, assessor técnico da Célula de Vigilância
Ambiental e Riscos Biológicos, a doença inspira cuidados porque toda a
população está suscetível, uma vez que nunca foi exposta ao vírus. Além
disso, explica que o caráter crônico da doença faz com que os pacientes
passem até um ano com artralgia e dificuldades de locomoção. Na Capital,
537 casos ainda estão sendo investigados. Porém, as últimas semanas
indicam cenário de baixa transmissão da enfermidade.
O assessor explica que a redução no segundo semestre se dá pelo caráter
sazonal da doença, já que Aedes aproveita a umidade e o calor do
período chuvoso para se reproduzir. Apesar da queda, o especialista
afirma que o momento ainda é de preocupação. "A dengue demorou oito anos
para produzir uma epidemia; por sua vez, a chikungunya, no primeiro ano
de instalação, já infectou 16 mil pessoas".
Também foram notificados 18 óbitos suspeitos da febre chikungunya na
Capital; destes, 12 já foram confirmados pelo Comitê Estadual de
Investigação dos óbitos por Arboviroses. Conforme a SMS, a idade dos
pacientes foi superior a 40 anos, com destaque para aqueles com idade
acima de 80 anos, com quatro óbitos. Outras seis mortes ainda estão
sendo investigadas. Conforme Nélio, 2016 apresenta, em relação a 2015,
uma queda de 25% de casos confirmados de dengue. Dentre as iniciativas
de combate, o assessor destaca a Operação Inverno, que ocorre nos 12
bairros com transmissão mais crítica da dengue e da chikungunya, até o
próximo dia 28.
Jangurussu
Na semana passada, foram visitados os bairros Barroso e Edson Queiroz;
ontem, o Vicente Pinzón. Os próximos da lista são José Walter, Conjunto
Palmeiras e Montese. Contudo, ele avalia que, neste ano, as forças de
saúde municipais precisaram ser divididas para dar conta de duas frentes
diferentes: a chikungunya, que atingiu principalmente as regionais I,
III e IV, e a dengue, que se espalhou com maior intensidade na Regional
VI. Em 2016, o bairro Jangurussu assumiu o topo da lista de casos
confirmados de dengue na cidade, assim como em 2015.
"Nós não vencemos a dengue em 30 anos. Temos sucessos, falhas e
limitações porque ela extrapola o setor saúde e envolve educação e
saneamento", afirma Nélio. O especialista salienta que uma faxina
correta pode ser o diferencial no combate ao mosquito. Além disso,
recomenda que escolas e repartições públicas criem brigadas, e que as
notificações de casos suspeitos sejam feitas o mais breve possível.
Fonte: Diário do Nordeste
(Colaborou Nícolas Paulino).
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