Alagoas lidera a lista dos Estados com mais municípios onde houve irregularidades detectadas pelas investigações federais

As áreas de saúde e educação foram alvo de quase 70%
dos esquemas de corrupção e fraude desvendados em operações policiais e
de fiscalização do uso de verba federal pelos municípios nos últimos 13
anos. Os desvios descobertos pelo Ministério da Transparência,
Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU), em parceria com a
Polícia Federal e o Ministério Público Federal, evidenciam como recursos
destinados a essas duas áreas são especialmente visados por gestores
municipais corruptos.
Desde 2003, foram deflagradas 247 operações envolvendo desvios de
verbas federais repassadas aos municípios. Os investigadores
identificaram organizações que tiravam recursos públicos de quem mais
precisava para alimentar esquemas criminosos milionários e luxos
particulares. Além de saúde e educação, também há desvios recorrentes em
áreas como transporte, turismo e infraestrutura.
O levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com
base em dados do governo federal desde 2003 mostra que houve fraude no
uso de verbas federais em pelo menos 729 municípios – o que corresponde a
13% do total de cidades do País. Do Oiapoque ao Chuí, o prejuízo
causado pela corrupção no período foi estimado em R$ 4 bilhões pela CGU.
Alagoas pode estar no último lugar do ranking do IDH, mas lidera a
lista dos Estados com mais municípios onde houve irregularidades
detectadas pelas investigações federais, em termos proporcionais.
Esquemas de corrupção foram desvendados em 70 das 102 cidades alagoanas –
ou seja, em mais de dois terços das localidades do Estado.
O segundo pior IDH do Brasil também não fica muito atrás. O Maranhão
foi palco, em outubro deste ano, da Operação Voadores, que revelou que
parte da verba da saúde enviada pela União pagou vinhos e restaurantes
de luxo na capital São Luis. O esquema sacava cheques de contas
bancárias de hospitais públicos e desviava para benesses particulares.
O levantamento mostra que, no geral, o principal programa afetado na
área da saúde foi saneamento básico. No setor de ensino, quem mais
perdeu, segundo a CGU, foi o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) –
formado por recursos provenientes dos impostos e transferências dos
Estados e municípios e que deveria ajudar a melhorar a qualidade da
educação básica nos municípios.
(Com Estadão Conteúdo)
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