AvenPrado/Folhapress

Desde o massacre de sábado, os presos estão soltos
Os integrantes do Sindicato do Crime do RN, FDN (Família do Norte) e CV
(Comando Vermelho) prometem "resolver do jeito deles" se o governo do
Rio Grande do Norte não transferir 500 presos ligados ao PCC (Primeiro
Comando da Capital) da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia
Floresta, na região metropolitana de Natal, até as 16h horário local (17
no horário de Brasília) desta terça-feira (17).
A ameaça foi feita por um preso de Alcaçuz que diz ser integrante do Sindicato do Crime do RN e falou com o UOL
por telefone. "Quem é esse governador, esse juiz, esse secretário que
não conseguem conter 500 presos?", questionou o detento, que não quis se
identificar.
Alcaçuz foi palco, no último sábado (14), de um
massacre durante uma rebelião entre detentos. Ao menos 26 presos foram
assassinados na ocasião. Desde então, os presos estão soltos e têm
controle do local.
"A gente vai esperar até as 16h para que eles
tirem esses 500 presos [do PCC] daqui e levem para outro local. Se não
resolverem, vamos resolver do nosso jeito. A situação vai piorar muito",
acrescentou em conversa por telefone com a reportagem do UOL.
Ontem, seis chefes da facção criminosa PCC apontados como mandantes da
matança foram transferidos para presídios federais. O governador do Rio
Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), disse hoje que pretende pedir a
transferência de mais três ou quatro líderes.
O pavilhão que
separava membros das facções rivais foi destruído, segundo o detento que
falou com a reportagem. Com isso, os presos, que estão armados com paus
e armas brancas, estariam na iminência do confronto.
Um novo
motim foi iniciado na penitenciária no fim da manhã desta terça-feira.
Segundo autoridades, o motim é mais um capítulo na briga entre duas
facções: PCC e do Sindicato do Crime do RN.
Os detentos continuam ocupando os telhados e estão soltos dentro da unidade prisional. A reportagem no UOL não visualizou policiais dentro de Alcaçuz, apenas ao redor dela e nas guaritas, fazendo a segurança externa.
Ao UOL,
a Sesed (Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social) do Estado
disse que os presos estão se movimentando dentro da penitenciária e que a
situação é tensa, mas que "todas as forças policiais estão no local." A
Sejuc (Secretaria de Justiça e da Cidadania) também relata a tensão e
diz que o secretário Wallber Virgolino não foi a Brasília para trabalhar
na gestão da crise penitenciária.
Familiares dos presos
contaram ainda que há dezenas de corpos de presos enterrados na fossa da
penitenciária, mas a informação não foi confirmada pelas autoridades.
Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Nísia Floresta (RN)
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