Seca prolongada pode ter influenciado na diminuição do vetor, o mosquito-palha
Dentre as
medidas de combate à doença, o Ministério da Saúde adotou a implantação de
coleiras repelentes e inseticidas nos cães ( Foto: Natinho Rodrigues )
O número de
mortes em 2016, no Ceará, em consequência da leishmaniose viral (LV), foi o
menor dos últimos dez anos. Dos 310 casos registrados no Estado, no ano
passado, 20 evoluíram a óbito, o que representa metade das ocorrências de 2015,
quando 41 pessoas morreram, de acordo com boletim da Secretaria da Saúde
(Sesa).
Os fatores
da queda considerável ainda são desconhecidos, mas o longo período de seca nos
municípios cearenses, que influencia na diminuição da reprodução do transmissor
da doença aos animais, o "mosquito-palha", pode ter sido um deles,
afirma o biólogo e integrante do Grupo de Trabalho em Leishmaniose da Sesa,
Luís Osvaldo da Silva. Ele reforça, porém, que as causas ainda estão sendo
estudadas.
No período
de 2007 a outubro de 2016, foram confirmados 5.657 casos da doença em humanos,
em 171 municípios do Ceará. As maiores ocorrências foram contabilizadas em
Fortaleza, com 33,2% dos casos (1.880), seguida de Sobral, com 6% (339),
Caucaia, com 5,6% (318), e Maracanaú, com 3,8% (215). Os dados são da Sesa.
Transmissão
A
leishmaniose visceral é transmitida pela picada do flebotomíneo, o
"mosquitos-palha", e infecta principalmente os cães, que hospedam o
vírus e aumentam o risco de disseminação da doença. A virose tem tratamento
para humanos, mas é incurável nos animais. A eutanásia - ou sacrifício - é
recomendação estrita do Ministério da Saúde para esses casos.
Em
Fortaleza, 5.101 cães foram diagnosticados com o vírus, em 2016, e 2.148 deles
foram sacrificados, segundo dados do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Capital.
Apesar de ser solução possível para o risco de contaminação, a eutanásia não é
obrigatória, e apenas cerca de 20% dos donos a permitem, reconhece a assessora
técnica do CCZ, Klessiany Soares. Ela alerta, porém, que "os proprietários
assumem um risco, já que o cachorro ainda é reservatório da doença".
Sintomas em
humanos: febre de longa duração, perda de peso, astenia e adinamia (sensação de
fraqueza muscular) e anemia.
Ralph era
saudável, hiperativo, até. Mas precisou morrer ainda jovem, aos 13 anos. Nenhum
sinal físico indicava a doença, mas o cão da raça Pinscher foi diagnosticado
como portador do vírus da leishmaniose canina e precisou ser sacrificado.
"Quando eu soube da doença, não tive coragem de permitir a eutanásia.
Procurei tratamento no veterinário para diminuir a ação do vírus, mas era muito
caro", relembra a "mãe" de Ralph, a estudante Claryce Oliveira,
22.
Os
Ministérios da Agricultura e da Saúde liberaram o uso do medicamento Milteforan
(Virbac) no tratamento dos cães acometidos pela leishmaniose visceral canina,
mas a aquisição do medicamento ainda é inacessível, pelos preços elevados.
Em média,
66% dos casos ocorre em pessoas do sexo masculino.
Combate
Dentre as
medidas de combate à doença, o Ministério da Saúde adotou, em Fortaleza, a
implantação de coleiras repelentes e inseticidas nos cães, a fim de impedir a
picada dos mosquitos. O projeto, segundo a técnica em zoonoses, ainda é piloto
e só foi testado nos bairros de Messejana, Bom Jardim e Barra do Ceará, onde
foram registrados mais casos da doença em humanos.
Os donos dos
pets também podem ser grandes agentes de prevenção. "A ação do Governo sem
a ajuda da população não é suficiente. É preciso manter o quintal limpo e dar
destino adequado ao lixo, porque é no solo rico em matéria orgânica que o
mosquito se reproduz", alerta o biólogo Luís Otávio.
Fonte: Diário do Nordeste
Colaborou
Theyse Viana.
0 comentários:
Postar um comentário