Perímetro Irrigado de Jaguaruana, a decadência depois de mais de quatro décadas.




Anos 70 dava-se início no município de Jaguaruana a criação do Perímetro Irrigado, um projeto do Governo Federal que alojava cerca de 80 moradores aos quais eram chamados de Colonos. A princípio um projeto que trouxe fartura a mesa dos que ali moravam. Várias eram as culturas irrigadas que traziam crescimento e engrandecimento aquela localidade e também a cidade de Jaguaruana. Feijão, Arroz, culminado com a criação de Bovinos, Caprinos e Ovinos, de raça pura, dava a certeza de uma grande quantia de leite de excelente qualidade.

Ser Colono do Perímetro Irrigado, aqui, em Jaguaruana nas décadas de 70 e 80, era o que costumamos chamar de cheque em branco. Ser fornecedor para essas pessoas era a certeza de que o comércio local fazia girar e lucrava bastante. Não me recordo, aqui, qual moeda Brasileira era a dessa época, mas de uma coisa eu tenho certeza, foi tempo bom que deixou muitas saudades. Não tive o prazer de morar no Perímetro Irrigado de Jaguaruana, mas não posso deixar de recordar alguns momentos que passei na casa de duas irmãs do meu pai que tiveram o privilégio de fazer parte desse paraíso.

Não sei por intermédio de quem, e como, o município de Jaguaruana foi contemplado com esse projeto de irrigação. Talvez a abundância de água que corria no leito do nosso Rio Jaguaribe, tenha sido fundamental para instalação desse projeto aqui. Tudo era supervisionado por funcionários Federais, ativos, do DNOCS, Departamento Nacional de Obras Contra a Seca que assessorava, acompanhava e dava condições para que as centenas de hectares de terras fossem exploradas. 

Uma verdadeira cultura de subsistência, se por um lado o plantio de feijão rendia o legume favorável para a venda e o consuma das famílias, a rama servia de alimento para o gado que dava o leite. Tudo era de qualidade, o rebanho de gado era composto por vacas Holandesas e touros de pura raça. Os Ovinos e Caprinos todos registrados e acompanhados por veterinários para que não houvesse mistura de raças. Um verdadeiro exemplo de projeto. Aos colonos e sua família só bastava trabalhar e produzir, já ao Governo Federal, além de comprar a produção, ainda pagava a energia, fato que fazia os moradores a ter uma renda, financeira, certa.  

Mas como nessa vida nem é tudo é flores e como dizia meu avô, tudo passa infelizmente os dias de glória dos Colonos do Perímetro Irrigado, também passaram. Aproximadamente 40 anos após a instalação desse brilhante projeto, hoje, o que vimos na localidade é de dá muita tristeza e dó. As grandes maiorias dos moradores que entraram no início no projeto, hoje, já não moram mais em suas casas e as mesmas pertencem a outras pessoas.

O Rio da Barra que nunca havia secado em toda história de Jaguaruana, nos dias atuais, não se tem uma gota de água se quer. Os canais que serviam de fonte de irrigação e levava a água a centenas de quilômetros espalhados por toda localidade, faz tempo que estão secos e com muito mato tomando de conta. O gado de linhagem pura Holandesa, que produzia o gostoso leite e seus derivados, já não existe mais e pra piorar, as terras estão, cada vez mais, secas e sem nenhum pé de legume plantado.

Para os que insistem em criar alguns animais, tem que se adaptar a nova realidade e, como diz o ditado, fazer das tripas coração. Ainda vimos alguns animais que resiste ao período de escassez que estamos vivendo. Algum rebanho de ovelhas e alguns bovinos, ainda, vimos deitados às sombras de alguma árvore ou tentando tirar da terra, aquilo que não tem mais, seu alimento. Passando nesses dias por dentro do Perímetro Irrigado que, ainda pertence ao Governo Federal, passou um filme em mina cabeça e decidi fazer um pequeno relato desse pedacinho de Jaguaruana que, um dia, foi chamado de PARAÍSO pelos Colonos que lá moravam. Lamentável, mas é a pura realidade.
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Sobre jaguarverdade

Sou Casado, pai de 3 filhos, apaixonado pela minha família e pela minha querida cidade Jaguaruana... Jaguaruana Verdade, Porque Mentira tem Pernas Curtas!

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