Peemedebista recebeu 61 votos, contra 10 do seu único adversário, José Medeiros. Novo presidente foi citado em delação da Odebrecht

O novo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) (Adriano Machado/Reuters)
O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) foi eleito presidente do Senado
nesta quarta-feira. Apoiado tanto por senadores aliados ao governo do
presidente Michel Temer quanto por alguns oposicionistas, incluindo
petistas, o peemedebista recebeu 61 votos e sucederá Renan Calheiros
(PMDB-AL) no comando da Casa. Único concorrente de Eunício, o senador
José Medeiros (PSD-MT) foi votado por 10 senadores. Outros 10
parlamentares ainda votaram em branco.
Em seu discurso no plenário do Senado, o peemedebista disse esperar
que a Casa “não perca a corrente contemporânea na luta contra a
corrupção” e prometeu ser “duro e firme quando um Poder parecer se
levantar contra outro Poder”.
O peemedebista também tocou em uma pauta sensível ao governo de
Michel Temer em tramitação no Congresso: a reforma da Previdência. “A
Previdência, todos sabemos, está quebrada, e esta casa estará diante da
tarefa irrecorrível de reformar o sistema previdenciário para salvá-lo. É
uma urgência que o processo historio propõe e impõe”, disse Eunício
Oliveira.
Após a confirmação de sua eleição, Eunício substitui Renan Calheiros
na cadeira de presidente do Senado para conduzir a eleição da mesa
diretora da Casa, que deve respeitar a proporcionalidade ao tamanho das
bancadas.
Há acordo para a ocupação da 1ª Vice-Presidência pelo senador Cássio
Cunha Lima (PSDB-PB), da 2ª Vice-Presidência por João Alberto Souza
(PMDB-MA) e a 1ª Secretaria por José Pimentel (PT-CE). Ainda há impasse
sobre quais parlamentares devem ocupar a segunda, a terceira e quarta
secretarias.
Presidente no primeiro mandato
Eunício Lopes de Oliveira, de 64 anos, está no primeiro mandato no
Senado. Antes de chegar à Casa que agora preside, foi deputado federal
por três mandatos e ministro da Comunicação entre 2004 e 2005, no
primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Apelidado como “Índio” nas planilhas de distribuição de propinas e
caixa dois da Odebrecht, Eunício foi citado na delação premiada
empreiteira, firmada na Operação Lava Jato e homologada pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, na última segunda-feira.
Segundo o delator Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações
institucionais da Odebrecht, o novo presidente do Senado recebeu 2,1
milhões de reais, intermediados por seu sobrinho Ricardo Lopes Augusto,
em troca de benefícios à empreiteira na MP 613, que tratava de questões
tributárias da indústria petroquímica. “O valor foi dividido em duas
parcelas, sendo uma paga em Brasília e outra em São Paulo. Os pagamentos
foram realizados entre outubro de 2013 e janeiro de 2014”, relata Melo
Filho em seu acordo.
Além da acusação do ex-executivo da Odebrecht, outras frentes das investigações da Lava Jato podem atingir Eunício. Conforme o site de VEJA revelou
em novembro de 2016, documentos sigilosos da Procuradoria-Geral da
República revelam que foram coletados “diversos elementos de prova da
atuação de Milton de Oliveira Lyra Filho, diretamente ou por meio de
pessoas jurídicas, como intermediário de propina e lavagem de dinheiro
para senadores do PMDB, nomeadamente Eunício Oliveira, Renan Calheiros,
Romero Jucá, Valdir Raupp e Edison Lobão”.
De acordo com procuradores da Lava-Jato, há indícios de que os
senadores do PMDB tenham se beneficiado de desvios de dinheiro da
construção da usina hidrelétrica de Belo Monte e de fraudes nos
investimentos realizados pelo Postalis, fundo de pensão dos
trabalhadores dos Correios.
Em entrevista à atual edição de VEJA, prestes a chegar à presidência
do Senado, Eunício Oliveira garantiu “com muita tranquilidade”: “sei o
que fiz e sei o que não fiz durante toda a minha vida. Sei o que fiz e o
que não fiz também na vida pública. Portanto, estou absolutamente
tranquilo, assim como devem ficar tranquilos os meus pares, porque
citações sem provas são apenas citações. Estas mãos nunca receberam
dinheiro que não fosse correto, honesto, legítimo e tirado do próprio
suor do rosto”.
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