Manifestantes defendem que a erva não serve apenas para uso recreativo, "tem uso industrial e medicinal importantes", argumenta um dos organizadores.
LUIZA MUZZI
Vestidos de verde e com um cigarro na mão, milhares de belo-horizontinos participaram, na tarde de ontem, de mais uma edição da Marcha da Maconha. Realizada todos os anos em diversas cidades do Brasil e do mundo, a mobilização tem o objetivo de chamar a atenção para a luta pela legalização da droga. Segundo os organizadores, cerca de 10 mil pessoas participaram do evento. Polícia Militar, Guarda Municipal e BHTrans não contabilizaram o número de participantes.
“Maconha não é só uso recreativo, tem usos industrial e medicinal importantes”, defendeu um dos organizadores do ato, identificado apenas como Leleo. “O Brasil é um país continental, tem terra e clima para o plantio, mas fica de costas para a América Latina inteira. É uma vergonha essa falta de posição. Uruguai, Chile e Argentina já estão muito mais avançados nesse debate”, disse.
A concentração da marcha teve início na praça da Estação, no centro, de onde, às 16h20 – horário de referência para o consumo da erva –, o grupo saiu em caminhada pelo centro de Belo Horizonte. O destino final era a praça da Liberdade, onde uma enorme réplica de um cigarro de maconha seria acendida no começo da noite.
“Nossa luta é pela legalização e pela regulamentação. A maconha hoje é o bode expiatório, o principal foco de preconceito para as pessoas na guerra às drogas”, completou Bernardo Fogli, membro do coletivo que organiza o ato na capital.
Objetivo é quebrar preconceito
Em Belo Horizonte, a Marcha da Maconha é realizada desde 2008. “Para quem não fuma, a marcha mostra que a gente existe e somos iguais a qualquer outra pessoa, ajudando a quebrar o preconceito. Já para o maconheiro, a marcha dá força para conversar com o outro na micropolítica”, afirmou Bernardo Fogli, um dos organizadores do evento.
Ele explica que uma das bandeiras do movimento é a regulamentação do cultivo caseiro da planta, inclusive como forma de quebrar o argumento de que o uso da maconha financia o tráfico de drogas. Com o lema “Contra a crise, legalize”, o grupo também defende o uso para fins industriais, como fabricação de tecidos, papel, cosméticos, entre outros.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, no início de maio, medida que tornou a Cannabis sativa – nome científico da maconha – oficialmente planta medicinal.
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