Documento entregue por barco que naufragou no Pará informava apenas 2 passageiros, diz Marinha

Em depoimento à polícia, proprietário do navio Capitão Ribeiro afirmou não havia controle de passageiros e que cerca de 50 pessoas embarcaram naquele dia. 21 morreram e 4 estão desaparecidas, segundo o governo.

Por G1 PA, Belém
Viagem do barco que afundou no Rio Xingu, no Pará, era irregular

No dia do naufrágio no Rio Xingu, no Pará, o barco Capitão Ribeiro informou à Marinha do Brasil que levava apenas 2 passageiros. Em depoimento à polícia, o dono da embarcação confirmou que transportava cerca de 50 pessoas naquela terça-feira (22) e que não havia controle de quantas embarcavam em Santarém, no oeste do estado. Alcimar Almeida da Silva afirmou ainda que fez um trajeto muito maior do que o autorizado pela Marinha.

O governo do Pará, que chegou a estimar que 70 pessoas estariam a bordo, trabalha agora com o número de 52 pessoas: além dos 21 mortos e 4 desaparecidos, há 27 sobreviventes. A embarcação não podia transportar passageiros, segundo Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos (Arcon-PA).

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado (Segup), o proprietário do barco disse à polícia, nesta quinta-feira (24), que há cerca de 3 anos viaja com autorização da Marinha até o município de Prainha (PA). No entanto, no dia do naufrágio, o barco iria para Vitória do Xingu (PA), num trajeto que é cerca do dobro do autorizado – 380 km a mais. O acidente ocorreu numa área denominada Ponte Grande do Xingu, entre Porto de Moz e Senador Porfírio.

A Marinha informou que toda vez que uma embarcação se desloca deve ser feito um "despacho de saída" comunicando o percurso, sendo que quando a rota é feita com frequência, pode ser emitido um "despacho por período", com prazo máximo de 90 dias. No caso da embarcação Capitão Ribeiro, foi emitido um despacho com prazo até 20 de outubro de 2017 para o trajeto Santarém - Prainha (PA), que é de 170 km.
Embarcação afunda com dezenas a bordo no Xingu (Foto: Editoria de Arte/G1)

Como foi o acidente

O navio Capitão Ribeiro saiu do município de Santarém às 18h de segunda-feira (21), e afundou por volta de 22h de terça. Chovia quando o acidente aconteceu. Muitos sobreviventes disseram que a embarcação foi atingida por uma tromba d’água – fenômeno similar a um tornado.

"A tripulação disse ter visto, no horizonte, algo com o formato de um funil, acompanhado de muita chuva e vento forte, e que teria pego o barco pela popa e o afundado. De acordo com os relatos, a embarcação girou e afundou em seguida”, afirmou o delegado Elcio de Deus, de Porto de Moz.

Em Porto de Moz, uma missa homenageou mortos na tragédia.

Buscas e saques

As buscas por desaparecidos foram retomadas nesta sexta-feira (25) pela manhã. Helicópteros sobrevoam a área bem próximo à água para tentar avistar sobreviventes ou corpos. Há também no local lanchas com equipes do Corpo de Bombeiros, da Prefeitura de Porto de Moz, da Marinha e da Capitania dos Portos do Amapá, que é responsável pelo inquérito.

A embarcação, que estava quase toda submersa, já foi puxada para a superfície por meio de um sistema de mecânica utilizando cabos de aço atrelados a uma balsa da prefeitura, que ficou ancorada ao lado da embarcação. Um grupo foi preso na quinta tentando saquear o navio.

Corpos de vítimas do naufrágio no rio Xingu começam a ser veladas, em Porto de Moz

Relato de sobrevivente

"O barco começou a estalar e foi todo mundo para o fundo”, disse o DJ Bruno Costa, de 29 anos, que sobreviveu ao naufrágio do barco.

Segundo Bruno, uma lona colocada sobre o barco para proteger os passageiros de uma forte tempestade na noite de terça dificultou que mais pessoas conseguissem se salvar da embarcação.

“Vivi momentos terríveis na minha vida. A lona que é amarrada quando chove impediu muita gente de sair. Eu consegui resgatar uma criança de uns 2 anos, mas eu estava sem colete, a criança também”, disse Bruno Costa.

Ainda de acordo com Bruno, um homem que também tentava sobreviver impediu que ele concluísse o resgate da criança. “Ele subiu em cima de mim, tirou a criança e rasgou minha camisa. Eu consegui sair desse cara e ele foi para o fundo”.

Segundo o DJ, ao chegar a superfície ele conseguiu avistar outros sobreviventes, mas nem todos conseguiam se manter flutuando pela falta de coletes salva-vidas. “Foi aí que consegui me manter na superfície, mas muita gente infelizmente não conseguiu”, relata.

ACIDENTE NO RIO XINGU
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Sobre jaguarverdade

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