Isayane Sampaio
(Foto: Divulgação/TV Globo)
Nesta sexta-feira, 24, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) divulgou uma nota criticando a cena em que a personagem Clara, interpretado pela atriz Bianca Bin em “O Outro Lado do Paraíso”, é internada em um hospício por Sophia (Marieta Severo) com um diagnóstico de esquizofrenia e é submetida a choques após ser imobilizada por enfermeiros.
“O folhetim, assinado pelo escritor Walcyr Carrasco, apresenta narrativa estigmatizante e preconceituosa no que concerne ao uso da Eletroconvulsoterapia – ECT, procedimento médico seguro e indicado para tratamento de transtornos psiquiátricos graves que põem em risco a integridade do paciente, os quais não tenham respondido aos medicamentos psiquiátricos.
Na novela, a protagonista é supostamente diagnosticada com uma doença mental grave, como a esquizofrenia que, na ficção, tem seu manejo terapêutico inadequado. A esquizofrenia é uma doença que atinge cerca de 1% da população mundial e pode causar alterações na maneira como o indivíduo percebe a realidade, perdendo este a capacidade de discernimento. Tal transtorno costuma apresentar como sintomas alucinações e delírios persecutórios, crenças falsas que não cedem às argumentações ou evidências, além da desorganização do pensamento e alterações na expressão emocional.
Quanto à Eletroconvulsoterapia – ECT, ou eletroconvulsão terapêutica, é feita em ambiente hospitalar, sob anestesia, com monitoramento eletrocardiológico e eletroencefalográfico, recebendo uma baixa corrente elétrica que induz à convulsão, com duração de cerca de 30 segundos. A técnica é eficaz e segura e seu sucesso terapêutico é destacado por múltiplos estudos relacionados ao tema, publicados em periódicos de grande destaque científico”, disse a nota.
As cenas foram exibidas no capítulo dessa terça-feira, 21, e mostrou Clara sendo internada em um local isolado, com documentos manipulados apresentados por Sophia, sua ex-sogra.
“Considerando o acima pontuado, a ABP manifesta a sua profunda inconformidade à cena veiculada, que descaracteriza esse procedimento médico, além de prestar um desserviço à população, estimulando o preconceito e o estigma relacionados às doenças mentais, aos pacientes psiquiátricos e à psiquiatria. A ECT na psiquiatria, assim como a eletrocardioversão na cardiologia, salva vidas”, completou a ABP na nota.
0 comentários:
Postar um comentário