Para muita gente 07 é conta de mentirosos, já para outras pessoas, sete representa uma passagem da Bíblia Sagrada cujo significado seria sete anos de secas e dificuldade em que o povo Egípcio iria enfrentar logo após os sete anos de fartura. Para a população de Jaguaruana, sete representa os anos de escassez ou período de poucas chuvas que assola nossa cidade e que vem aos poucos matando o nosso Rio Jaguaribe, a nossa Agricultura, a Pecuária, e porque não dizer, até mesmo, a nossa população.
Jaguaruana é uma cidade situada a cerca de 180 km da Capital Fortaleza. Localizada no Vale do Jaguaribe e nascida às margens do Rio Jaguaribe, a Terra da Rede conta, hoje, com uma população de aproximadamente, 34 mil habitantes. Conhecida em todo o Brasil como a capital da Rede no Estado do Ceará, pois fabrica as mais belas redes de dormir, a cidade já foi rica em potencial hidrográfico, pois o maior Rio Seco do Mundo, o Rio Jaguaribe, e que depois passou a ser perene com a construção dos açudes Orós e Castanhão, a Terra da Rede passou a ser também uma grande exportadora de frutas e Camarão, graças a água do velho Jaguaribe. O cultivo dessas atividades, durante anos, gerou muito emprego e renda, para população e para o município, infelizmente, hoje não mais acontece nos dias atuais.
Durante seus 127 anos de história, a Terra que tem como Padroeira Senhora Santana, nunca sofreu com a falta de água como a que está acontecendo neste período de sete anos de seca. Conta à história que algumas secas consideradas grandes atingiram nossa cidade, porém o que algumas pessoas mais idosas relatam é de que não se lembra de um período tão extenso quanto o que estamos vivenciando.
Sou neto e filho de agricultor e apesar de não ter seguido o caminho dos meus antepassados, não poderia fugir das minhas origens. Por isso decidi, mais uma vez, falar sobre o processo de estado terminal que assola o nosso Rio Jaguaribe e que hoje, como forma de salvação para o mesmo, só resta à esperança de que esse período da falta de chuva que alimenta o leito desse grande Pai esteja próximo a se encerrar.
Recordo-me quando criança meu pais saia com sua tarrafinha feita de linha em direção às águas do nosso Rio. Junto com ele ia seu irmão, seu fiel companheiro e não demoravam, muito, os dois estavam a chegar com a comida para suas famílias. Naquela época não havia ambição, pegou o suficiente para alimentar a esposa e os filhos, vinham-se embora, pois sabiam que outras pessoas também precisavam. Chegando em casa a festa estava feita, depois de cozido o peixe e misturado o caldo a tradicional farinha branca, a comida estava pronta para matar a fome de todos.
Tive oportunidade de ver às margens do nosso Jaguaribe plantios de batatas, feijão, e nos cercados arredores verdadeiros rebanhos de bovinos, ovinos, caprinos e tudo o que era de importante para sobrevivência do homem agricultor, sem falar no líquido mais precioso, a água, que tínhamos em grande abundância. Uma verdadeira fartura cultivada e criada com o trabalho do sertanejo, com as águas do nosso Rio e com a benção de Deus.
Infelizmente com a chegada do progresso e da tecnologia, o que era pra ser usado como forma inteligente em prol da Natureza, o homem com sua ambição, fez tudo errado. Dia após dia tudo o que tínhamos em grande abundância foi ficando escasso a começar pelas chuvas. As diversas variedades de peixes foram diminuindo e já não se via mais as areias do nosso Rio o cultivo de batatas e feijão que eram feitos através do plantio conhecido por vazante. Os animais aos poucos foram diminuindo e nosso Rio Jaguaribe aos poucos foi secando ao ponto de hoje está em estado terminal. Tudo isso fruto de ações mal pensada do homem, o mesmo que achava que nada daquilo acabaria infelizmente acabou.
O tempo foi passando e também deixemos de ter o direito de tomarmos aquele delicioso banho de rio, juntamente com nossas famílias, nas manhãs de Domingo. As lavadeiras de roupas, acostumadas apenas com a água e o sabão e com o quará das mesmas, pois dava um cheiro delicioso que só quem teve o prazer de sentir, sabe bem como é, também sumiram com a falta de água. Foi neste momento em que todos entenderam que a sentença final de vida do nosso Rio Jaguaribe estava, praticamente, decretada.
Mas nem tudo nessa vida está perdido, pois Graças a Deus e a Mãe Natureza, começa a surgir uma esperança e ela já começa brotar. Especialistas em pesquisas sobre chuvas começam a divulgar que o período de estiagem pode está chegando ao seu final já a partir do próximo ano, 2018. Essa informação volta nos encher de esperança. A esperança de que essa informação se concretize logo no início do ano e que as chuvas possam voltar a cair em abundância no nosso Estado do Ceará, no nosso Vale do Jaguaribe, para junto com ela o nosso Velho e bom Pai, Rio Jaguaribe, possa tomar fôlego e ressurgir das cinza, assim como faze as aves fênix.
A notícia já foi divulgada e a ESPERANÇA já está dentro de cada um de nós. Cabe agora pedirmos a Deus que a informação se concretize que a Mãe Natureza seja solidária fazendo a parte que lhe cabe e que o, animal, homem possa repensar suas ações, suas atitudes para que não tenhamos que passar em um futuro próximo o mesmo que estamos passando nos dias atuais, caso esse sonho se realize. Para aqueles que acreditam que o que estamos sofrendo aqui é um castigo, eu deixo um pequeno recado. Pode até não ser, mas com certeza deve ser uma cobrança, da Mãe Natureza, de algo errado que nós fizemos.
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