Esta é a 11ª devolução e a maior já feita à estatal desde o início da Operação Lava Jato.
Por Alana Fonseca, G1 PR, Curitiba
A maior devolução, cerca de R$ 27 milhões, foi feita pelo empresário Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC Engenharia. (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Dos quase R$ 654 milhões devolvidos à Petrobras nesta quinta-feira (7), quase R$ 143,5 milhões vieram de colaborações premiadas celebradas com pessoas físicas.
A maior devolução, cerca de R$ 27 milhões, foi feita pelo empresário Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC Engenharia.
Ele, que já foi condenado na Lava Jato, é apontado pela força-tarefa da operação como o chefe do clube de empreiteiras que fraudava negócios com a estatal.
Os mais de R$ 510 milhões restantes foram devolvidos por empresas, através dos chamados acordos de leniência.
Essa é a 11ª devolução feita desde o início das investigações. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), é também a maior quantia já devolvida em uma investigação criminal no país de uma vez só.
Ainda de acordo com os procuradores do MPF, todo o dinheiro recuperado é resultado de 36 acordos de colaboração premiada; e de cinco de leniência celebrados com pessoas físicas e jurídicas durante as investigações da Operação Lava Jato.
Delatores devolvem quase R$ 143,5 milhões à Petrobras (Foto: Igor Estrella/G1)
Colaborações premiadas (R$ 143.479.698,16)
Ricardo Ribeiro Pessoa: R$ 26.958.877,42;
Mário Frederico Góes: R$ 25.339.026,07;
Eduardo Costa Vaz Musa: R$ 19.900.683,37
Cid José Campos Barbosa da Silva: R$ 13.584.858,50;
Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva: R$ 11.007.550,50;
Agosthilde Mônaco de Carvalho: R$ 9.398.250,52;
Julio Gerin de Almeida Camargo: R$ 7.469.693,57;
Fernando Antônio Falcão Soares: R$ 7.175.247,07;
João Procópio Pacheco de Almeida Prado: R$ 4.225.603,89;
Edison Krummenauer: R$ 3.608.332,54;
João Carlos de Medeiros Ferraz: R$ 1.485.115,08;
João Ricardo Auler: R$ 1.452.434,60;
Antônio Pedro Campello de Souza Dias: R$ 1.439.642,48;
Elton Negrão de Azevedo Junior: R$ 1.439.642,48;
Otávio Marques de Azevedo: R$ 1.079.731,86
Hamylton Pinheiro Padilha Junior: R$ 753.301,39;
Luis Mario da Costa Mattoni: R$ 719.821,25;
Paulo Roberto Dalmazzo: R$ 719.821,24;
Eduardo Hermelino Leite: R$ 692.857,16;
Salim Taufic Schahin: R$ 584.491,10;
Pedro José Barusco Filho: R$ 534.309,31;
Augusto Ribeiro de Mendonça: R$ 464.620,41;
Luiz Augusto França: R$ 403.706,62;
Marco Pereira de Souza Bilinski: R$ 403.706,62;
Vinícius Veiga Borin: R$ 403.706,62;
Edison Freire Coutinho: R$ 401.281,90;
José Antônio Marsílio Schwarz: R$ 401.281,90;
Walmir Pinheiro Santana: R$ 315.970,22;
Dalton dos Santos Avancini: R$ 283.128,83;
Milton Pascowitch: R$ 268.362,72;
Roberto Trombeta: R$ 152.537,47;
José Adolfo Pascowitch: R$ 132.313,70;
Milton Taufic Schahin: R$ 116.720,22;
Rodrigo Morales: R$ 110.078,50;
Acordo sob sigilo: R$ 40.000,00;
Shinko Nakandakari: R$ 12.991,05.
Nenhum dos delatores citados acima está preso.
Acordos de leniência (R$ 510.479.256,76)
Braskem: R$ 362.949.960,81;
Andrade Gutierrez: R$ 118.650.604,46;
Camargo Corrêa: R$ 28.767.413,55;
Carioca Engenharia: R$ 71.589,29;
SOG Óleo e Gás: R$ 39.688,65.
Essa é a 11ª devolução feita desde o início das investigações (Foto: Giuliano Gomes/ PR Press)
'Trazer de volta tudo o que foi desviado'
O valor, segundo o presidente da Petrobras, Pedro Pullen Parente, será utilizado em atividades empresarias e também em iniciativas sociais da estatal.
"Nós vamos continuar trabalhando em parceria com o Ministério Público, com a Polícia Federal, com a Receita Federal, e com as demais autoridades pra trazer de volta tudo o que foi desviado", destacou.
As outras devoluções somam R$ 821.627.788,81. Somando os dois valores, o ressarcimento à estatal passa de R$ 1,47 bilhão.
O coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná e procurador da República, Deltan Dallagnol, disse que "os corruptos não representam a Petrobras". Ele reforçou que é preciso que o Judiciário preserve as colaborações premiadas para que "a sociedade não fique a ver navios como no ano passado".
O delegado da Polícia Federal (PF) Felipe Hayashi disse que espera que o combate à corrupção feito pela força-tarefa da Lava Jato "continue de forma firme ao longos dos próximos anos".
"A PF, seja por meio da Lava Jato, ou de outras operações, continuará exercendo suas funções pautada sempre na lealdade", acrescentou.
Gerson Shaan, da Receita Federal, disse que os danos causados pela corrupção são praticamente os mesmos que ocorrem em casos de sonegação de impostos. "Acaba resultando em falta de escolas, hospitais, deficiência na segurança pública, entre outros", afirmou.
O delegado da Polícia Federal (PF) Felipe Hayashi disse que espera que o combate à corrupção feito pela força-tarefa da Lava Jato 'continue de forma firme ao longos dos próximos anos' (Foto: Alana Fonseca/G1)
Números da Lava Jato
Ainda conforme o MPF, os crimes já denunciados envolvem o pagamento de propina no valor de R$ 6,4 bilhões - mais de R$ 10 bilhões são alvo de recuperação por acordos de colaboração, sendo R$ 756,9 milhões objeto de repatriação e R$ 3,2 bilhões em bens bloqueados dos réus.
Desde o início da operação, que foi deflagrada em março de 2014, 1.765 procedimentos foram instaurados, sendo 881 mandados de busca e apreensão, 222 de condução coerctiva, que é quando a pessoa é levada para prestar depoimento, 101 de prisões preventivas, 111 de prisões temporárias, além de seis prisões em flagrante.
Também foram feitos 340 pedidos de cooperação internacional, sendo 201 ativos para 41 países e 139 passivos com 31 países.
Cento e cinquenta e oito acordos de colaboração premiada foram firmados com pessoas físicas, além de 10 acordos de leniência e um termo de ajustamento de conduta.
Foram feitas 67 acusações criminais contra 282 pessoas. Das acusações, 37 já tiveram sentença pelos crimes de corrupção, tráfico transnacional de drogas, organização criminosa, lavagem de ativos, crimes contra o sistema financeiro internaciola, entre outros.
Com isso, até então há 177 condenações contra 113 pessoas que somam 1.753 anos e sete meses de penas. Os dados foram atualizados pelo MPF no dia 14 de novembro deste ano.
Foto da sede da Petrobras no Rio de Janeiro (Foto: Reuters/Sergio Moraes)
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