Suspeita é de contaminação por meio do açaí em Lábrea.
Por G1 AM
Pesquisadores da Unesp ajudam no mapeamento da doença de Chagas (Foto: TV TEM/Reprodução)
Sete casos de doença de chagas foram confirmados na cidade de Lábrea, a 702 quilômetros de Manaus, segundo informou a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), na manhã desta terça-feira (9). Dos sete, cinco passam por tratamento em Manaus, entre eles uma criança, e dois estão no município. A suspeita é de contaminação por meio do açaí.
A Doença de Chagas Aguda de Transmissão Oral é uma doença infecciosa grave, causada por um protozoário conhecido por Trypanosoma cruzi, que é transmitido pela ingestão de alimento contaminado com os parasitas presentes nas fezes dos insetos vetores, chamados de barbeiros.
De acordo com o diretor-presidente da FVS, Bernadino Albuquerque, os pacientes são do mesmo grupo familiar.
A Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) informou que apenas uma pessoa está internada. Por se tratar de uma criança, os médicos optaram pela internação. Os outros quatro pacientes estão fazendo acompanhamento ambulatorial em Manaus. Eles foram avaliados e a equipe médica constatou que não era necessária a internação.
"Todos foram orientados a buscar uma unidade de saúde com urgência em caso de alguma mudança grave no quadro", diz a Secretaria de Estado da Saúde (Susam).
O secretário municipal de Saúde, Marcelo Magaldi, explica que a doença é de difícil tratamento e o diagnóstico deve ser feito logo no primeiro mês.
"Quando não é diagnosticada e tratada, o parasita da doença de Chagas permanece no hospedeiro pelo resto da vida, levando ao desenvolvimento de doença cardíaca crônica, podendo causar falta de ar, inchaço no coração e todos os problemas que um cardíaco apresenta, limitando cada vez mais a vida do paciente", disse Magaldi.
Causada pelo protozoário parasita Trypanosoma cruzi, encontrado nas fezes do triatoma, inseto conhecido como barbeiro, a doença de Chagas pode ser adquirida por transmissão natural, por meio da picada do inseto que, ao se alimentar do sangue da vítima, elimina fezes contaminadas, penetrando no corpo pela pele ou mucosas, ou por transmissão oral, ao ingerir produtos contaminados como o açaí, a bacaba, o patauá e o buriti.
Alerta para consumo de açaí
O fiscal de saúde da VISA Manaus, Augusto Kluckovski, explica que os cuidados na compra e consumo de açaí e caldo de cana são fundamentais para prevenir a doença.
O consumidor deve observar normas básicas de higiene desde a hora da compra. Além disso, deve lavar bem o alimento e ter os mesmos cuidados na preparação, conservação e consumo.
"Importante observar as condições higiênicas do fornecedor, se o mesmo possui o cuidado de lavar, espalhar as frutas em um pano branco para observar se há algum inseto antes de entregar ao consumidor e verificar se o local de venda é muito perto da mata", diz.
A maneira mais eficaz de prevenir a contaminação é o aquecimento do alimento acima de 60º, além da pasteurização e liofilização (processo de desidratação realizado em baixas temperaturas).
Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde de Lábrea (Semsa-Lábrea), foram coletadas amostras da produção de açaí que serão encaminhadas para análise no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-FVS) para confirmação da presença do vetor no produto.
Sintomas
Os doentes podem apresentar um quadro de febre constante, inicialmente elevada, diarreia, vômito, dores de cabeça e musculares. Casos complicados podem evoluir com manifestações cardíacas, além do comprometimento do fígado e baço.
O diagnóstico precoce e o tratamento imediato previnem as formas crônicas da doença e a ocorrência de óbitos.
(Colaborou, Sthefane Oriente, Rede Amazônica)
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