A resolução do PT sobre conjuntura política foi recebida com "indignação" pela cúpula militar. (Foto: Paulo Pinto)
Resolução do PT sobre conjuntura política foi recebida com
"indignação" pela cúpula militar. O texto diz que os petistas foram
"descuidados" por não terem modificado os currículos das academias
militares e por não terem promovido oficiais com "compromisso
democrático e nacionalista". "O que eles queriam, que os militares
tivessem ido para as ruas defender o governo? As Forças Armadas são uma
instituição de Estado.
O erro deles, entre outros, foi ter tentado
nivelar o Brasil por governos populistas como Bolívia e Venezuela",
disse ao jornal O Estado de S. Paulo o presidente do Clube Militar,
general Gilberto Pimentel.
O trecho do documento do PT diz: "Fomos igualmente descuidados com a
necessidade de reformar o Estado, o que implicaria impedir a sabotagem
conservadora nas estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério
Público Federal; modificar os currículos das academias militares;
promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista; fortalecer
a ala mais avançada do Itamaraty e redimensionar sensivelmente a
distribuição de verbas publicitárias para os monopólios da informação".
De acordo com o general Rômulo Bini, ex-chefe do Estado Maior de
Defesa, o documento expõe "total desconhecimento de como funcionam as
Forças Armadas". "Eles queriam militares que abaixassem a cabeça para
eles, como se tivéssemos Forças Armadas bolivarianas como na Venezuela?
Isso é um absurdo".
Embora as falas sejam de oficiais da reserva, o mesmo sentimento foi
observado entre oficiais-generais da ativa, que não se conformavam com a
forma como foram tratados pelos petistas, no texto de mea-culpa do
partido. Desde que o documento foi tornado público, ele se transformou
em objetivo de discussão nas três Forças.
style="display:inline-block;width:336px;height:280px"
data-ad-client="ca-pub-1514761005057416"
data-ad-slot="1476771087">
style="display:inline-block;width:336px;height:280px"
data-ad-client="ca-pub-1514761005057416"
data-ad-slot="1476771087">
Na segunda-feira, 16, quando tomou posse no Ministério da Defesa Raul
Jungmann elogiou exatamente o comportamento das Forças Armadas durante
"uma das mais severas crises enfrentadas pelo País", lembrando que elas
"se mantiveram impecáveis" e "no limite de suas competências". No mesmo
tom, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, falando em
nome das três Forças, ressaltou que "acertadamente as Forças Armadas se
desengajaram da política partidária, deixando para os políticos esse
engajamento". Rossatto disse ainda que a missão constitucional das
Forças Armadas, hoje, "não deixa dúvidas quanto à priorização da defesa
do País".
Um general quatro estrelas do Alto Comando do Exército, que pediu
anonimato, disse à reportagem que "isso (mea-culpa do PT) é uma
confissão de tentativa de aparelhamento em vão das Forças Armadas". E
questionou: "e qual é o problema de as Forças Armadas terem cumprido o
seu papel constitucional? Não é isso que teriam de fazer? O pior é que
eles dizem e escrevem isso.
O efeito no Exército está sendo semelhante a 1935, quando tentaram
implantar o anticomunismo na Força. Estão todos furiosos e incrédulos.
Isso é quase uma declaração de guerra a nós", emendou ele, acrescentando
que "os petistas queriam que nós fôssemos Forças Armadas bolivarianas,
como a da Venezuela ou da Bolívia que as Forças Armadas são instrumento
do governo e isso é inadmissível". Lembrou ainda que as críticas
atingiram não só as Forças Armadas, mas várias instituições de Estado,
como a Polícia Federal, o Itamaraty e o Ministério Público Federal.
Academia
"Nas escolas militares nós ensinamos honestidade, hierarquia,
disciplina, o respeito aos mais velhos", declarou o general Bini. Ele
lembrou que uma vez a esposa do então presidente Fernando Henrique
Cardoso foi à Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e se
surpreendeu com o número de matéria da área de humanas que ensinamos em
nossas escolas desde 1961. Você tem entre as disciplinas direito
constitucional, estudo da moral, filosofia, psicologia. Ela achava que
nós estávamos só preparados para a guerra", contou ele. E ironizou:
"será que acham que nós ensinamos tortura?"Já o general Pimentel emendou
dizendo que "as escolas militares ensinam honestidade, competência e
trabalho". Para ele, "se eles queriam encontrar em nossos quadros
oficiais socialistas para promover com certeza não iam encontrar de
jeito nenhum e pode escrever isso com todas as letras".
Fonte: (AE)
0 comentários:
Postar um comentário