Juiz federal afirmou que as reiteradas declarações do governo de que não vai interferir na Justiça são insuficientes
O
juiz federal Sergio Moro, que conduz a Operação Lava Jato na primeira
instância em Curitiba, afirmou nesta segunda-feira, durante o Fórum
VEJA, que o governo precisa tomar um posicionamento mais assertivo no
combate à corrupção, propondo medidas que endureçam as penas por crimes
do gênero e destravem os processos no Judiciário.
"É necessário que o governo tenha uma postura mais propositiva. Dizer
que não vai interferir é obrigação. Existem iniciativas que dependem do
governo, inclusive leis que podem ser aprovadas com o seu incentivo",
afirmou.
O juiz afirmou ver como insuficiente as reiteradas declarações do
governo de que não vai interferir na Justiça. "Muitas vezes eu ouvia no
governo anterior, que ele não interferiria na Justiça. Mas é claro",
afirmou. Moro citou a campanha do Ministério Público Federal, das dez
medidas contra a corrupção, como um exemplo de "iniciativa mais
propositiva". "A atitude mais firme do Judiciário, esse repúdio
consensual contra as práticas de corrupção, é preciso que isso se
institucionalize, que se transforme em costumes mais duradouros para que
resolvamos os problemas atuais e consigamos diminui-lo no futuro",
disse Moro. "A corrupção sistêmica tem um custo enorme para o país",
resumiu o magistrado.
Moro também afirmou que é um "equívoco" pensar a corrupção em termos
político partidários. Segundo ele, as suas decisões são baseadas apenas
nos fatos e nas provas, "seja qual for a cor partidária". O ministro do
STF Luis Roberto Barroso, que também participava da mesa de debates,
completou o argumento dizendo que não existe a corrupção "dos nossos e
dos deles". "A corrupção é um mal em si que não pode ser politizado",
disse Barroso.
Lado a lado durante o debate, Barroso afirmou que Moro e o
ex-presidente do STF Joaquim Barbosa não seriam considerados "heróis
nacionais" se "punir corruptos fosse regra" no Brasil. Moro, por sua
vez, aproveitou a ocasião para elogiar a atuação do STF, dizendo que a
corte tem o "mérito" pelo trabalho que tem realizado até agora.
0 comentários:
Postar um comentário