O Casamento Ainda Está na Moda?



Estamos numa sociedade de relações humanas descartáveis, do narcisismo, da liberalidade do sexo, e, no entanto, o total de casamentos registrados no Brasil aumentou 4,5% entre os anos de 2007 e 2008, segundo estatística divulgada pelo IBGE. A que se deve isso?
Não seria uma contradição o número de casamentos aumentar numa sociedade marcada pela descartabilidade das relações humanas e pelo grande número de divórcios? O momento atual apontava para a falência dessa instituição, mas apesar da aparente incoerência, esses dados são pertinentes a esse momento social.

No texto Retratos dessa Sociedade analiso aspectos psicossociais que nos influenciam a subjetividade. 

O casamento é um fato social. Como todo fato social, a atração pela união conjugal estável precisa ser analisada sob duas abordagens: a psicológica e a social. Nós cristãos ainda temos a visão espiritual do matrimônio.

O fato social é multideterminado por diversos fatores, composto por comportamentos influenciados pela cultura, é um padrão na sociedade e exerce força de coerção sobre o indivíduo. Logo, para analisar o casamento, devemos abordar vários aspectos que explicam a sua atratividade.

O casamento nesse momento social

O matrimônio não mais é o guardião do sexo, já que não mais se casa para ter relações. Desde o século passado também perdeu a sua função política e econômica. Então por que se casa? Não é por pura conveniência.

O mesmo fator psíquico causador do aumento do número de divórcios é o que enseja o aumento do número de casamentos. Desde o período moderno, uma mudança na sociedade promoveu uma alteração na forma como o sujeito lida com o seu próprio desejo. Casa-se para a busca da felicidade e se divorcia pelo mesmo motivo. Logo, para alguns, o casamento é apenas um meio para a busca do bem-estar psicológico.

Assim, o casamento não mais está sob a égide do ‘até que a morte os separe’. Apesar de antibíblico, a lei é ‘até que o cotidiano os separe’. O casamento também entrou na onda da descartabilidade até entre evangélicos. Vide estatística do IBGE sobre o número de divórcios e separações que crescem a taxas de 2,3%.  

Outro fator que explica essa estatística é que o casamento promove os ideais coletivos, possibilita o aprofundamento das relações afetivas e resguarda o amor romântico há muito perdidos. Portanto, o comportamento de alguns inconformados tende a tornar-se modo de reação contra a descartabilidade das relações na atualidade.

Esse modo de defesa caracteriza-se por uma afirmação individual dos valores através do comportamento. Quando a busca por companheiros não logra sucesso, devido a liberalidade sexual, o indivíduo tende a ater-se numa possível oportunidade de casamento quando vislumbra tal possibilidade.

Além do mais, desde décadas passadas o número de evangélicos no Brasil amplia exponencialmente. Assim, junto do número de cristão aumenta também o número de matrimônios. Soma-se a isso o envelhecimento da população. Numa sociedade de mais adultos tende a haver mais casamentos. Grande parte da nossa população, segundo dados do IBGE, está situada entre 25-45 anos.

Outros pequenos fatores podem explicar esse crescimento como o grande número de casamentos coletivos, a regularização da situação conjugal de casais estáveis, a conversão de casais que resulta na sua legalização perante a justiça para integração numa igreja, o crescimento econômico e educacional do país ao longo das décadas possibilitando o planejamento familiar, dentre outros.

Logo, percebe-se que os fatores que explicam esse acréscimo de uniões estáveis são vários, mas três são importantes: o casamento é uma instituição de defesa numa sociedade egoística, tornou-se descartável e, por último, é uma instituição estabelecida por Deus e que em si mesma possui inumeráveis benefícios psicoespirituais para o casal.

Por que estaria fora de moda uma instituição divina?

O casamento proporciona ao cristão uma união estável e a experimentação de uma relação íntima. O matrimônio foi estabelecido para proporcionar bem-estar psíquico, social e espiritual.

Psicologicamente a relação matrimonial proporciona prazer, aumento das perspectivas para resolução de problemas quotidianos, espelhamento mútuo da personalidade no outro, manutenção da esperança diante de dificuldades e harmoniza necessidades psicológicas, etc.

De maneira social o casamento é uma instituição que promove a aprendizagem social, o aprimoramento das relações sociais afetivas, o relacionamento interpessoal e o controle dos impulsos em favor da consideração de outrem.

Espiritualmente, o lar é lugar de proteção espiritual, o primeiro local de adoração, instância de exercício dos mandamentos divinos e também onde cônjuges se tornam um perante o Senhor.

No matrimônio, homem e mulher serão um. Esse uno diante de Deus se completa com um Outro no meio: o Espírito. Só um casamento embasado pelo Espírito é capaz de sobreviver nesta sociedade da descartabilidade.

Mas alguns cristãos têm falhado no aprofundamento de suas relações conjugais. A superficialidade tem invadido o casamento: a conversa e a relação estão diluídas por eventos fugazes como a televisão e outros divertimentos. 

Em algumas casas o casamento é apenas a convivência de dois estranhos paralelos sob o mesmo teto, apesar da aparente harmonia.

Como serão um se há uma distância espiritual? Para serem um, os cônjuges precisam da entrega mútua e passar não somente ao ato psíquico, social e corporal, mas principalmente pelo ato espiritual de formação da unidade.

Psicologicamente um cônjuge precisa atrelar o seu bem-estar ao bem-estar do outro. Socialmente precisa haver compreensão, comunicação e respeito aos espaços da individualidade. Corporalmente a união se realiza pelo ato íntimo.

Espiritualmente a unidade só se estabelece através do amor Ágape. Essa unidade espiritual precisa ser buscada de forma ativa e não casual. O cotidiano só atinge aos que passivamente assistem ao tempo sem aperfeiçoar-se no amor Ágape.
 

A fórmula do amor verdadeiro

Para estar casado e bem casado é necessário um trabalho. No texto Família Também é Trabalho discorro sobre algumas maneiras de trabalhar sua família para promover um ambiente saudável. 

Sentimentalmente, um casamento é feito por camadas. A mais exterior é a do amor Eros. O casamento tende a se desgastar nessa camada mais externa. A Eros é a de resistência mais fina e a que promove maiores arroubos emocionais e psicológicos nos cônjuges.

A segunda camada é um mix do amor Philos com o Storge. O Philos é o amor de amizade, de identificação psicológica. Já o Storge é o amor que cimenta toda a coesão familiar entre irmãos e cônjuges.

Biblicamente, o homem deve amar sua esposa como Cristo amou a igreja. Este é o tipo de amor Ágape, incondicional, e o de camada mais interior e sólida. Muitos casais cristãos não alcançam essa forma de amor, o que pode culminar em crises e divórcios.

Cristo se entregou pela igreja. Numa relação conjugal bíblica, o cônjuge deve evitar o egoísmo e entregar a própria vontade, o próprio pensamento, a própria emoção e as atitudes para o bem-estar do outro. Se não alcançar o amor Ágape, o cristão estará em falta perante os mandamentos de Deus.

Portanto, o Ágape precisa ser buscado continuamente, a fim de espantar o quotidiano e aliviar as mudanças ocorridas na personalidade do casal ao longo da vida. Esse amor proporciona o êxtase espiritual na relação, pois da entrega advém o bem-estar. Assim, o casamento só se torna seguro quando Cristo se forma sobre os egos dos casados. Sem o Ágape, não é possível o casamento resistir.

Por fim, entenda processos de comunicação em família para otimizar seu relacionamento na medida do posssível. O texto Os Ruídos da Comunicação Familiar se presta a analisar de forma introdutória essa tarefa importantíssima.

Dr. Marcelo Quirino
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Sobre jaguarverdade

Sou Casado, pai de 3 filhos, apaixonado pela minha família e pela minha querida cidade Jaguaruana... Jaguaruana Verdade, Porque Mentira tem Pernas Curtas!

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