Alguns cuidados simples deixam a planta mais saudável – e evitam as quedas típicas do verão chuvoso
A predileção pelas plantas apareceu no Álbum do bebê, logo no registro
do segundo aniversário. “Também gosta de flores, e as observa em todos
os seus detalhes”, escreveu a mãe. Em 1981, quando ainda nem falava com
desenvoltura, o paulistano Ricardo Cardim já dava sinais do que se
tornaria, mais tarde, uma das razões de sua vida: as árvores. Pequenas
ou grandes, esguias ou frondosas. O menino cresceu, foi para a escola e,
mais para agradar à família – os Cardins sempre prezaram os ofícios
tradicionais, como Direito ou medicina – que por vontade própria, entrou
na faculdade de odontologia. Embora tenha “escolhido” se dedicar às
pessoas, nunca desistiu de trabalhar com as plantas. Em 2005, depois de
cumprir o desejo dos pais (terminou o curso, ingressou no mestrado,
montou consultório), ele decidiu, por fim, assumir sua vocação. “Sempre
senti as árvores familiares”, diz hoje, aos 33 anos.
Ricardo é o criador da Associação Amigos das Árvores. Em sua segunda
carreira, trabalha para preservar o que restou do patrimônio histórico
verde de uma das capitais mais desmatadas do planeta. Ele diz querer
resgatar a paisagem paulistana, uma vez que só 20% das árvores da cidade
hoje são nativas. Seu maior trunfo, até agora, foi a descoberta de um
fragmento de cerrado no bairro do Jaguaré, Zona Oeste de São Paulo, uma
vegetação ancestral que resistiu por mais de quatro séculos à
modernidade. Devido ao esforço de Ricardo, a ilha de floresta original
foi transformada num parque.
Em seu blog, de mesmo nome da associação, Ricardo dá dicas sobre como
manter o vigor das árvores. As plantas, em geral, prestam uma lista
imensa de favores ao planeta e ao ser humano, os serviços ambientais.
Saudáveis, elas refrescam o ambiente, limpam o ar, reduzem os riscos de
enchentes e atraem bichos nativos famintos, como gaviões e macacos, que
controlam insetos, ratos e outras pragas urbanas. Mas também podem ser
prejudiciais quando estão comprometidas. Doentes, caem em cima de carros
e até de gente.
O verão é a época do ano que exige mais atenção à saúde das árvores. As
tempestades típicas da estação agridem os exemplares mais frágeis. No
mês de janeiro, o Corpo de Bombeiros registrou, só na cidade de São
Paulo, cerca de 900 árvores caídas. É nove vezes a média mensal de 2010.
Antes de tombar, elas dão sinais. Ficam inclinadas e com o tronco oco.
Nesse caso, é preciso acionar a Defesa Civil, a prefeitura ou o próprio
Corpo de Bombeiros.
Alguns cuidados simples podem aumentar o tempo de vida das plantas – e
evitar as quedas. Da escolha da espécie ao tratamento que receberá
enquanto cresce, tudo contribui para definir como sua árvore prosperará.
A poda é um momento decisivo. Ricardo recomenda não tosar a árvore sem a
ajuda de um técnico. Serrotes e tesouras especiais são mais eficazes
que motosserras. A poda deve ser feita só em galhos com até 5
centímetros de diâmetro. Os mais finos, portanto mais novos, se
recuperam com facilidade dos traumas. As ramificações maduras demoram a
cicatrizar, deixando o caminho livre para fungos e cupins. O período
ideal para corte é o inverno, quando as árvores estão hibernando.
Alimentar sua planta com adubo é outra maneira de estender sua vida.
“Especialmente depois que ela floresce, um momento em que gasta mais energia”, diz a paisagista Daniela Sedo. É possível adubar com esterco e compostagem de frutas ou com fertilizantes sintéticos. “Precisamos cuidar das árvores como cuidamos dos jardins”, afirma Ricardo. “Elas também são parte de nossa casa.”
“Especialmente depois que ela floresce, um momento em que gasta mais energia”, diz a paisagista Daniela Sedo. É possível adubar com esterco e compostagem de frutas ou com fertilizantes sintéticos. “Precisamos cuidar das árvores como cuidamos dos jardins”, afirma Ricardo. “Elas também são parte de nossa casa.”
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