O
parlamentar foi acusado de manter contas no exterior e mentir sobre a
existência de tais contas à CPI da Petrobras. (Foto: Estadão)
O
presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não
descartou, em entrevista à Rádio Estadão, recorrer à Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Casa após decisão do Conselho de Ética
sobre processo que investiga se ele quebrou o decoro parlamentar. O
parlamentar foi acusado de manter contas no exterior e mentir sobre a
existência de tais contas à CPI da Petrobras.
O relatório de Marcos Rogério (DEM-RO), que sugere a
cassação do peemedebista, está previsto para ser lido nesta
quarta-feira, 1. "Não temo ser cassado e nem preso pela Lava Jato, tenho
absoluta certeza que serei absolvido", disse Cunha.
Ao dizer que pretende recorrer da decisão, o
presidente afastado da Câmara citou que não conhece o parecer de Marcos
Rogério, mas só a presença dele como relator do seu processo já é um
elemento para a nulidade do processo. Isso porque Rogério trocou o PDT
pelo DEM, partido que faz hoje parte do mesmo bloco do PMDB, o que seria
um impeditivo para que relatasse sua representação. O relator já
rebateu este argumento de Cunha, dizendo que vale o bloco do início da
legislatura.
Na entrevista, Cunha voltou a se defender,
reiterando que não mentiu à CPI da Petrobras, no ano passado, e que não é
titular de contas na Suíça. Ele também negou que seu processo tenha
sido o mais longo da história da Casa e rebateu que esteja fazendo
manobras para atrasar ainda mais uma decisão sobre a denúncia de que
teria quebrado o decoro parlamentar, o que pode lhe custar o seu mandato
de deputado. "Há (sim) manobras espúrias de quem quer aparecer nos
holofotes para pegar carona em cima de minha imagem."
Sobre as informações de que o presidente interino da
Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), estaria manobrando a seu
favor para tentar postergar ainda mais o seu processo na Casa, tentando
mudar as regras de votação, Cunha as classificou de "fraude à opinião
pública."
Segundo ele, "a mídia comprou essa versão e uma
mentira repetida inúmeras vezes é uma prática fascista". Cunha
argumentou que a consulta à CCJ que questiona as regras de votação em
plenário trata-se de um ofício encaminhado por Maranhão, mas cuja
autoria é de um dos membros do Conselho de Ética, o qual ele não citou o
nome. "É um procedimento normal, quando há dúvidas, se consulta a CCJ,
não vejo nada demais. E ela (consulta) não foi feita por Maranhão, mas
por um membro do Conselho de Ética."
Dilma
À Rádio Estadão, Eduardo Cunha voltou a atacar a
presidente afastada Dilma Rousseff (PT), dizendo que espera que ela se
torne efetivamente ex-presidente da República, porque foi afastada por
crime de responsabilidade e o PT causou muitos danos ao País.
Indagado sobre a entrevista concedida pela petista
em que ela diz que ele é o verdadeiro mentor do governo do
correligionário Michel Temer (PMDB), Cunha alfinetou: "Ela (Dilma) tem
fixação (por mim), até compreendo o ódio dela porque dei curso ao
processo de impeachment que levou ao seu afastamento. Eu me ajoelho para
agradecer a Deus por tê-la afastado da Presidência, ela fez muito mal
ao País, não dá pra ela governar o Brasil."
O presidente afastado da Câmara diz que o processo
que tem sofrido no parlamento e seu afastamento da direção da casa é
resultado de um "julgamento político" e o preço de ter colocado a
admissibilidade do afastamento de Dilma Rousseff na pauta do dia do
parlamento. "Estou pagando um preço pesado por ter dado curso ao
processo do impeachment e em cada intervenção dela (Dilma), não há como
ela não me agredir", emendou.
Temer
Indagado sobre os percalços que Michel Temer
enfrenta nesses primeiros dias de governo interino, Cunha relativizou os
problemas e fez um paralelo com a gestão de Itamar Franco, que sucedeu
Fernando Collor de Mello, após seu processo de impeachment.
"Este ainda é um governo de improviso, constituído
às pressas (após a saída de Dilma), se fizermos um paralelo com Itamar,
vamos ver que em sete meses ele teve quatro ministros da Fazenda foi uma
crise de muito maior tamanho. Obvio que o improviso de hoje não é bom,
mas deve se resolver quando (o governo Temer) se tornar definitivo",
destacou. Cunha reiterou que o primeiro passo para isso é o Senado
confirmar o afastamento de Dilma e as forças políticas se unirem "para
salvar o País da derrocada que o PT deixou".
Fonte: (AE)
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