Nesta semana, o ator Edson Celulari, 58, anunciou estar com um tipo de câncer do sangue considerado raro, o linfoma não Hodgkin. A doença tem ganhado mais notoriedade, não só por ter acometido pessoas públicas – como o ator Reynaldo Gianecchini e a presidente afastada Dilma Rousseff –, mas também pelo salto no número de casos nas últimas décadas, sendo o câncer que mais cresceu no mundo.
Uma das hipóteses para esse crescimento é o uso de agrotóxicos.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o número de casos de linfoma não Hodgkin praticamente dobrou nos últimos 25 anos. A estimativa para este ano é de 10.240 registros da doença – 5.210 em homens e 5.030 em mulheres.
Entretanto, as causas do aumento ainda são desconhecidas.
“O linfoma é uma doença ‘democrática’. Ela atinge igualmente homens e
mulheres de todas as idades. Mas atinge principalmente os mais velhos. A
população acima dos 60 anos está aumentando no mundo, e esse é um dos
componentes do aumento da doença”, explica o hematologista Carlos Chiattone, que é um dos diretores da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) e coordenador do núcleo de linfomas do Hospital Samaritano de São Paulo.
Porém, o envelhecimento da população explica somente uma
parte do crescimento do número de linfomas, o que faz os cientistas
acreditarem que há alguma causa ambiental relacionada.
“Uma das hipóteses é que os agrotóxicos sejam a causa. Ainda não é possível afirmar porque esses estudos demandam acompanhar as populações por longos períodos, mas é uma possibilidade”, aponta Chiattone.
Chances
Se por um lado os casos de linfomas estão aumentando, por outro o prognóstico de cura é animador.
“Se o tumor for mais agressivo, as chances de cura são em torno de 60% a
70%. Se o diagnóstico for feito em estágio inicial, sobe para 90%. Até
os tumores indolentes, que são incuráveis, são bem possíveis de ser
controlados”, comenta o patologista Fernando Soares, diretor do departamento de anatomia patológica do hospital AC Camargo Cancer e membro da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).
Os linfomas são o campo da medicina em que as imunoterapias (tratamentos que vão diretamente nas células cancerígenas) estão mais desenvolvidas, aumentando ainda mais as chances do paciente.
Sintomas
Nem sempre o linfoma aparece acompanhado de sintomas, mas quando há manifestação clínica, os sinais mais comuns são febre, sudorese intensa, perda de peso e de apetite e aparecimento de linfonodos aumentados no corpo, também conhecidos como ínguas.
"Quando essas ínguas surgem em regiões como pescoço ou axilas, as
pessoas costumam notar mais rapidamente, mas, dependendo de onde a
doença estiver localizada, as ínguas só vão ser notáveis quando a doença
estiver mais avançada", diz o especialista.
Scheinberg explica que não há fatores de risco bem definidos para o aparecimento do linfoma.
"Em alguns casos, ele pode estar associado a condições em que o sistema
imune está comprometido, como em situações de pós-transplante. Há
também casos de infecções associadas ao linfoma, mas na maioria dos
casos, a causa não está bem definida", diz.
O especialista diz que, por mais que o linfoma possa surgir em uma área específica do organismo, a doença deve ser tratada de forma mais abrangente, porque o sistema linfático está presente em todo o corpo e, portanto, as células tumorais também podem estar espalhadas.
Por isso, não é possível combater esse tipo de câncer com uma cirurgia, por exemplo. "O tratamento mais indicado inclui quimioterapia e, em alguns casos, radioterapia", diz o especialista. Em casos muito específicos, o tratamento complementar é feito com um autotransplante de medula óssea. O procedimento foi adotado no caso de Reynaldo Gianecchini.
Fonte: O Tempo
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